O Hospital de Penafiel pôs em isolamento cerca de 80 doentes contaminados por uma bactéria multirresistente. A unidade de saúde diz que os doentes estão a ser tratados de “forma eficaz”, mas Ordem dos Enfermeiros está preocupada.
80 doentes do Hospital Padre Américo, em Penafiel, foram colocados em isolamento, por estarem contaminados com uma bactéria multirresistente.
O infecciologista Rogério Ruas, médico naquele hospital do distrito do Porto, explicou aos jornalistas que os doentes estão infetados por uma bactéria conhecida pela sigla EPC, “habitual em ambientes hospitalares”.
“Temos assistido a um aumento de casos desde o início do ano e neste mês tivemos um surto, chegando aos 80 doentes internados colonizados pela bactéria”, afirmou.
A situação foi denunciada esta quinta-feira pela Ordem dos Enfermeiros (OE), em comunicado, alertando para as dificuldades observadas no hospital devido ao surto, com 20% dos cerca de 450 doentes internados estão contaminados.
Ordem dos Enfermeiros preocupada
Para a OE, trata-se de um número “muito elevado” e que “rapidamente se pode multiplicar e disseminar ao resto dos internados”.
Miguel Vasconcelos, dirigente da Oordem, indica que a situação pode “impactar drasticamente com a qualidade dos cuidados prestados e pôr em risco a vida das pessoas”. Anotou, ainda, não ter conhecimento de surtos de bactérias com este impacto noutros hospitais do país, reafirmando que 20% dos doentes internados é “um número muito elevado”.
Miguel Vasconcelos reafirmou que o Hospital Padre Américo, em Penafiel, integrado na Unidade Local de Saúde do Tâmega e Sousa, está subdimensionado para a região que serve (cerca de meio milhão de pessoas), apresentando “um défice de profissionais já conhecido”.
Aquela situação, sinalizou, “pode impactar ainda mais, porque 35 enfermeiros “vão acabar o contrato agora”, afetando a capacidade de resposta do hospital
“Esta bactéria multirresistente exige alguns cuidados, nomeadamente de isolamento, e profissionais dedicados àqueles doentes”, trabalho que pode ser prejudicado se não houver enfermeiros suficientes, concluiu.
Rogério Ruas tranquiliza
Rogério Ruas assinalou que aquela bactéria existe no hospital “como noutros do país”: “É normal, há alguns para cá, os hospitais terem um aumento de casos e depois de diminuição. É cíclico e, neste momento, estamos a ter essa situação”.
O médico anotou, ainda, que se está a usar antibióticos de última linha no tratamento, tratando-se de “um tratamento eficaz”.
“Por essa razão é que queremos controlar a disseminação dessas bactérias, que é o que estamos a tentar fazer neste momento”, acrescentou.
Um dos procedimentos adotados é que os doentes com fatores de risco são rastreados na admissão no hospital e, explicou, “dependendo se são positivos ou não, já são diretamente alocados à enfermaria de isolamento de contacto”.
Questionado sobre as críticas da Ordem dos Enfermeiros, segundo a qual a insuficiência daqueles profissionais, nomeadamente no serviço de urgência, pode ter contribuído para o surto, referiu que no Hospital Padre Américo “a pressão nas urgências é contínua”.
“O que implica esta situação é mais uma mudança na forma como alocamos estes doentes. Essa pressão é antiga e não é de agora. Estamos focados nesta situação. Temos estas medidas que continuam a funcionar e continuaremos atentos a monitorizar a situação nos próximos dias”, anotou.
ZAP // Lusa