Supermercados disparam margens de lucro com alimentos. ASAE lança “grande operação”

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Ministro da Economia anunciou que 38 brigadas da ASAE estarão no terreno para acompanhar a construção dos preços, ou seja, desde o produtor até às prateleiras do supermercado.

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) está segura de que as variações dos preços de venda ao público dos bens alimentares é muito superior ao aumento dos custos de produção. Como tal, tem-se desdobrado em ações de fiscalização, de forma a acompanha de perto a construção dos preços de um grupo de bens alimentares, desde uma fase inicial, no produtor, até às prateleiras dos supermercados, quando são adquiridos.

O Correio da Manhã noticia hoje que os sinais de aumentos de preços sem que nada o justifique se têm multiplicado, após uma análise aos resultados preliminares da estrutura de prelos no grande retalho. Através dos dados fornecidos por três grandes cadeias de distribuição alimentar, é possível perceber que as margens de lucro brutas ficam acima de 40 e 50% em alguns produtos — trata-se da diferença entre o preço de venda e o custo de aquisição, excluindo outras despesas.

O mesmo jornal destaca que já em 2023, com base nos números de janeiro e fevereiro, é possível perceber que a evolução dos preços de venda ao público tem seguido uma trajetória muito distinta da inflação, alguns com valores superiores e outros em contraciclo.

O Instituto Nacional de Estatística antecipa uma inflação de 8,2% em fevereiro, o que representa uma descida pelo quarto mês consecutivo. No entanto, e de forma bem ilustrativa, os bens alimentares continuavam com preços 20% superiores ao registado em fevereiro do ano passado, quando se iniciou a guerra na Ucrânia e a escalada inflacionista.

ASAE lança “grande operação” em todo o país

O ministro da Economia, António Costa Silva, anunciou hoje que a ASAE vai “intensificar e reforçar a fiscalização em todo o território para perceber o que se passa ao nível dos preços”. “A ASAE vai lançar uma grande operação em todo o país, com 38 brigadas.”

O governante explicou que um dos objetivos é precisamente “tentar compreender a estrutura de preços” no mercado. “Temos de exigir transparência. Sermos inflexíveis com situações anómalas”. No centro dos preocupações estão os preços dos produtos alimentares, com o ministro a recorrer a exemplos como os preços do azeite ou do arroz carolino.

“É essencial entender quando existem causas racionais para o aumento dos preços e quando não existem, temos de tentar entender o porquê. […] Acreditamos numa economia de mercado que seja pujante, mas atenção à regulação e à fiscalização, que deve funcionar.”

O responsável pela pasta da Economia deixou também um aviso. “Respeitamos as companhias mas também os direitos dos consumidores. As ações que estamos a desenvolver não são contra ninguém, mas em benefício dos cidadãos.”

Espanha pondera voltar atrás

A medida anunciada pelo Governo de Pedro Sanchéz para controlar o aumento dos preços, com o corte do IVA nos bens de primeira necessidade, não surtiu o efeito desejado, já que não se refletiu no efetivo preço dos produtos. Como tal, o executivo espanhol estuda uma nova abordagem: a criação de um cabaz de 30 produtos que terá o preço fixo, de modo a travar a subida do custo de vida.

ZAP //

4 Comments

  1. A Fiscalização de nada serve pois não à legislação que limite margens de venda.
    Quando muito a ASAE pode verificar se à cartelização de preços e isso certamente que existe pois basta ir a 3 ou grandes superficies de diferentes operadores e constata-se que os preços são praticamente iguais, muitas das vezes até nas proprias marcas brancas.

    Preços aumentos em muitos produtos não de 30 e 40 % conforme comunicação social mas muito mais…
    alguns exemplos:
    Bolachas tipo maria passaram de 0,99€ para cerca de 1,80€ – pingo doce, continente, intermarche…
    Leite passou de 0,50€ para, em alguns casos mais de 1€…
    Queijo Philadelpia passou de 2,27€ para 3,36 no pingo doce e continente e argumentam com embalagem familiar com mais 70g. Se falarmos da embalagem normal (200 g) aumentaram ligeiramente o preço mas passaram de 200 para 150 g.
    ….
    não faltam exemplos

  2. Esta conversa do Ministro da Economia, é conversa para adormecer boi. O governo tem todo interesse nesta inflação, porque ganha na aplicação do IVA e ganha na aplicação da taxa extraordinária de IRC.

  3. Por a ASAE a construir preços desde a produção até ao cliente final, é uma forma para parolo a bater palmas, e manter os agentes intertidamente inativos.
    Portugal no seu melhor estado, da estrumalhada.

  4. No final, a referência à proposta de Espanha é muito interessante. O mesmo se está a passar em vários países da Europa. Fixação administrativa de preços de pelo menos os bens essenciais. O escandaloso aproveitamento desta situação para engordar os lucros de certos empresários tem de ser travado.
    Vão roubar para a estrada!
    E também a situação dos rendimentos do trabalho, em 2 anos vamos perder mais de 20% de poder de compra. Claro que isto ainda alimenta mais os lucros dos tais ‘empresários’: salários não mexem, continuam de miséria, preços de venda a dispararem…. É lei da selva!
    ABRAM OS OLHOS!

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