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Suíços querem limitar trabalhadores estrangeiros. E agora?

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N. Palmer (CIAT) / CGIAR Climate / Flickr

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A França e a Alemanha manifestaram-se hoje preocupadas com o resultado do referendo da Suíça para instituir quotas anuais para os imigrantes da União Europeia. Veja também a revista de imprensa dos principais jornais.

O “sim” ao endurecimento da política de imigração suíça, que prevê restrições que abrangem cidadãos de países da União Europeia, ganhou com 50,34% dos votos, num referendo em que a participação superou os 50%.

Na reação, o ministro das finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, disse que o voto provocará “uma quantidade de dificuldades para a Suíça”, enquanto o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Laurent Fabius, avisou que “prejudicará a Suíça por ser egocêntrica”.

A comissária europeia da Justiça, Viviane Reding, disse ao Financial Times que “o mercado único não é um queijo suíço: não se pode ter um mercado único com buracos”.

Por seu turno, Laurent Fabius declarou à rádio RTL que o resultado do referendo é “má notícia, tanto para a Europa como para a Suíça” e que a Europa irá “rever as suas relações” com a Suíça.

“É um voto preocupante porque significa que a Suíça quer fechar-se sobre si mesma (…) e é paradoxal porque a Suíça faz 60% do seu comércio externo com a UE”, sublinhou o ministro dos Negócios Estrangeiros francês.

Os acordos bilaterais entre a Suíça e a UE demoraram anos a negociar. Desde 2007, a maioria dos 500 milhões de residentes da UE estavam em pé de igualdade com os cidadãos suíços no acesso ao mercado de trabalho naquele país, em resultado de um a política aprovada em referendo em 2000.

No entanto, um movimento liderado pelo pela extrema direita conseguiu reverter o acordo, argumentando ter sido um erro enorme.

Revista de imprensa

A imprensa europeia questiona-se também sobre as consequências do sucesso do referendo suíço contra a imigração, nomeadamente as relações da confederação helvética com a União Europeia.

O jornal francês Libération escreveu que com esse resultado, “os suíços fecham as fronteiras”. O politólogo Jean-Yves Camus refere numa coluna de opinião que “o egoísmo económico é a principal componente deste voto”. “Os Suíços votaram para a instauração de quotas”, anuncia por seu turno Le Figaro.

Na Alemanha, o jornal Die Welt estima que “a Suíça deve rever a sua proximidade com a UE”. “Continuar assim não é uma opção. O (partido nacionalista) UDC vai aprender como é difícil separar os aspetos positivos dos contratos bilaterais com Bruxelas dos aspectos indesejados”, sublinha o diário.

Já o Berliner Zeitung mostrou-se mais compreensivo: “Os que criticam o medo de serem invadidos por estrangeiros deveriam pelo menos refletir sobre o facto de na Suíça, a percentagem de estrangeiros ser, com 23% da população total, quase três vezes superior à da Alemanha.”

Em Espanha, o El País publicou na sua página de Internet que “o resultado vai forçar a União Europeia a repensar a sua estreita relação com a Suíça e pôr fim à livre circulação de pessoas em vigor desde 2002”. Este referendo “abrirá uma crise política séria entre os dois interlocutores“, lê-se.

Na sua versão em papel, o El País publica um editorial intitulado “Consequências perversas”, no qual afirma que “a vitória dos opositores à imigração em massa na Suíça terá consequências para todos na Europa“.

“Não apenas isso colocará em questão o acordo sobre a livre circulação de pessoas estabelecido com a UE, como reflete também a agitação populista e xenófoba que percorre o velho continente a menos de três meses das eleições europeias”. “Trata-se do pior resultado possível para a maioria dos políticos e empreendedores suíços”.

Para o jornal ABC, este referendo “coloca em perigo os laços [da Suíça] com a União Europeia”. “Este resultado surpreendeu a classe política e representa um duro golpe para a política europeia do Conselho Federal, que deve agora repensar as suas relações políticas com a UE”, escreveu.

/Lusa

1 Comment

  1. Na Suiça o povo é quem mais ordena.O povo da Confederação Hélvetica, entenda-se.Há aguardar pela vontade do povo soberano que este é.

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