É expectável que o fosso continue a aumentar como consequência da subida da inflação.
A inflação que tem crescido um pouco por toda a Europa, sem que Portugal seja exceção, um fenómeno que já tem repercussões nos salários, que permanecem nos valores do início do ano. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, é já possível denotar uma redução na remuneração média mensal dos portugueses em termos reais. Os dados divulgados indicam que a remuneração brutal total mensal média de um trabalhador em Portugal ascendeu a 1285 euros, um valor que indica uma subida, mas longe de compensar os valores da inflação.
O INE especifica que, apesar de em termos nominais a remuneração mensal média ter subido 2,2%, em termos reais o que se regista é uma diminuição de 2%. No que respeita à remuneração bruta, o valor médio aumentou 1,7% em termos nominais, ao passo que el relação à remuneração base a subida foi de 1,6%. Em termo reais, a quebra foi de 2,5%.
No entanto, esta tendência já se vem a registar desde o ano passado, tendo atingido valores negativos nos últimos meses de 2021, aponta o jornal Público – quando já era possível identificar alguns sinais de inflação. Atendendo aos números ontem revelados sobre a inflação, é expectável que esta variação continue a aumentar, tal como aconteceu entre novembro e março, mês sobre os quais existem dados oficiais.
Até agora, o Executivo tem rejeitado um caminho que passe pela subida dos salários, defendendo que esta política daria origem a uma espiral inflacionista com graves consequências para a economia portuguesa.
Próximos do pico, diz Regling
Klaus Regling, diretor-geral do Mecanismo de Estabilidade notou que, à semelhança da Reserva Federal norte-americana, também o Banco Central Europeu também vai aumentar as taxas de juro em resposta à inflação que, na sua visão, “estar perto do pico”, explicou em entrevista ao Jornal de Negócios .
“A inflação é tão alta, que mesmo algum aumento nas taxas de juros ainda significaria que as taxas reais permaneceriam altamente negativas. Nunca estiveram tão negativas, e um aumento não significa que veremos taxas de juros positivas”, acrescenta, Klaus Regling. O responsável afastou ainda o cenário de estagflação, um cenário que tem sido defendido por alguns economistas.
Klaus Regling recusou também a possibilidade de novas emissões conjuntas de dívida, defendendo que o Programa de Recuperação e Resiliência tem também verbas suficientes para lidar com as consequências da crise na Ucrânia