António Cotrim / LUSA

Luís Montenegro fala ao país
A gasolineira Joaquim Barros Rodrigues & Filhos assinou um contrato de 194 mil euros com a Spinumviva por serviços de consultoria. A empresa pertence ao pai de João Rodrigues, candidato do PSD para a Câmara de Braga.
A identidade de um dos “clientes-mistério” de Luís Montenegro foi finalmente revelada: a “empresa familiar de comércio de combustíveis” referida pelo primeiro-ministro no Parlamento é a Joaquim Barros Rodrigues & Filhos, que pertence ao pai de João Rodrigues, vereador e candidato do PSD à Câmara de Braga.
De acordo com informações apuradas pelo Observador, o contrato entre a Joaquim Barros Rodrigues & Filhos e a Spinumviva, empresa anteriormente liderada pelo primeiro-ministro, teve um valor de 194 mil euros mais IVA, cobrindo quase dois anos de trabalho de consultoria de gestão e reestruturação empresarial. Montenegro afirmou que este contrato representou metade do volume de negócios da Spinumviva em 2022, o ano de maior faturação da empresa.
O envolvimento de João Rodrigues, cuja mulher Inês Varajão Borges também prestou serviços à Spinumviva, levanta questões políticas e empresariais. Rodrigues foi sócio do escritório de advocacia de Hugo Soares, braço direito de Montenegro e atual líder parlamentar do PSD. Embora João Rodrigues tenha se desvinculado do escritório, a escolha do seu nome como candidato à Câmara de Braga já causou conflitos internos no PSD.
Jorge Rodrigues, sócio-gerente da Joaquim Barros Rodrigues & Filhos, justificou o contrato explicando que a empresa precisava de ajuda estratégica para superar constrangimentos empresariais após uma reestruturação societária. Montenegro foi contratado para elaborar um plano de desenvolvimento, avaliar alternativas e negociar parcerias, resultando na estabilização financeira da empresa.
O contrato foi pago apenas após a conclusão bem-sucedida do projeto, que garantiu à empresa um volume de negócios de milhões de euros. Em 2022, a empresa registou vendas de 8,36 milhões de euros, o seu melhor desempenho financeiro desde 2017.
A Spinumviva e o gabinete de comunicação de Luís Montenegro não responderam aos pedidos de resposta do Observador. Entretanto, a relação comercial entre as duas empresas já foi encerrada.