Apenas um terço dos especialistas em Ginecologia e Obstetrícia inscritos na Ordem dos Médicos é que são obrigados a fazer urgências.
Dos 1.772 especialistas em Ginecologia e Obstetrícia inscritos na Ordem dos Médicos, 1.163 têm 55 ou mais anos — ou seja, têm idade legal para poderem pedir dispensa do trabalho no serviço de urgências.
Isto significa que apenas 609 médicos têm idade e formação para trabalhar nas urgências dos hospitais, avança o Jornal de Notícias. Além disso, uma grande parte destes profissionais de saúde trabalha em exclusivo no setor privado.
Perante este cenário, o Governo nomeou um grupo técnico que está atualmente a estudar uma “possível concentração de serviços” de urgência e de maternidades. A informação foi avançado ao JN pelo próprio coordenador do grupo técnico da Rede de Referenciação Hospitalar de Saúde Perinatal, Diogo Ayres de Campos.
O Ministério da Saúde nota que a situação de constrangimentos nas urgências “é idêntica e transversal a várias entidades do Serviço Nacional de Saúde”.
A tutela foi confrontada com a situação no Hospital de Braga em específico, tendo então explicado que 66% dos especialistas registados na Ordem têm direito a “solicitar dispensa do exercício de funções em serviço de urgência”.
“Há várias unidades com muito poucos ou mesmo nenhum médico abaixo dos 55 anos”, salientou Ayres de Campos, acrescentando que “são necessárias medidas fora da caixa para estes hospitais mais pequenos e longe dos grandes centros urbanos”.
Agosto aproxima-se e as regiões do Alentejo e Lisboa e Vale do Tejo são onde se sentem mais os impactos. O aumento do valor pago aos médicos pelas horas de urgências ainda não se fez sentir, denota o JN.
O mínimo estabelecido para os blocos de parto pequenos é duas especialistas em permanência. Os hospitais que lidam com maior volume de partos têm de ter dois a quatro especialistas.