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Incêndios avançam: chamas a 300m de aldeia, muita preocupação, muitos danos

Hugo Delgado / LUSA

Incêndio em Ponte da Barca

Ponte da Barca, Ponte de Lima e Arouca são três dos locais mais preocupantes. Estradas nacionais foram cortadas.

Portugal continua a ter uma semana intensa, e preocupante, no que diz respeito a incêndios. Hoje, quarta-feira, Ponte da Barca, Ponte de Lima e Arouca são três dos locais mais preocupantes.

O incêndio que deflagrou na segunda-feira em Ponte de Lima tem hoje uma frente ativa de seis quilómetros que chegou à freguesia Vitorino de Piães e que ameaça habitações localizadas na linha de fogo, disse o comandante de operações.

Em declarações à agência Lusa, às 09:30, Carlos Lima lamentou a falta de meios aéreos no combate às chamas para travar esta frente de fogo.

“Esta frente está a preocupar-nos muito. O vento está a favor dos bombeiros. A única dificuldade é aceder à frente de fogo. A informação que tenho é que não há meios aéreos para este teatro de operações. Dizem-nos que há outras prioridades no país e que para este incêndio não há disponibilidade de meios aéreos”, referiu.

Segundo Carlos Lima, nas freguesias Rebordões (Santa Maria), Correlhã, Facha e Seara há “pequenos reacendimentos que os bombeiros, exaustos, vão conseguindo resolver”.

Chamas a 300 metros de aldeia

O presidente da Câmara de Ponte da Barca, Augusto Marinho, afirmou hoje estar “muito preocupado” com a progressão do incêndio para a aldeia de Germil, no Parque Nacional da Peneda – Gerês (PNPG). Já pediu reforço de meios aéreos para “salvar” essa aldeia que está em risco de “ficar cercada” pelo fogo.

“Durante a noite e madrugada o incêndio progrediu muito rápido em direção da aldeia de Germil. Dentro de uma a duas horas o fogo chega a Germil. Daí a importância dos meios aéreos. Não são para combater giestas, temos habitações diversas no território. Temos mesmo de combater o fogo para proteger as populações e não vamos ter meios aéreos empenhados em Germil”, afirmou Augusto Marinho.

Mais tarde, avisou: “As chamas estão a 300 metros da aldeia. Se não houver reforço de meios aéreos a aldeia vai ficar cercada pelas chamas”.

Em declarações à agência Lusa, pelas 10:00, o autarca social-democrata de Ponte da Barca, no distrito de Viana do Castelo, adiantou que outra “preocupação” é com o fogo que lavra na Serra Amarela.

“Estamos a tentar controlar esta frente de fogo que se dirige – se é que já não está – para Terras de Bouro, no distrito de Braga”, frisou.

Segundo Augusto Marinho, “no combate ao fogo na Serra Amarela estão empenhados dois meios aéreos que estão a trabalhar em rotatividade, o que, na prática, é apenas um meio aéreo a operar no incêndio”.

“Recebemos a informação que vão ser mobilizados dois meios aéreos espanhóis, mas às 10:03 ainda não tinham chegado”, disse.

Muitos danos

O incêndio que deflagrou na segunda-feira em Arouca já consumiu 4.000 hectares de área e provocou muitos prejuízos que têm de ser avaliados, disse hoje a presidente do município do distrito de Aveiro, Margarida Belém.

Em declarações aos jornalistas num ponto de situação feito às 10:00, junto ao quartel dos bombeiros de Arouca, Margarida Belém disse que terá de ser feita uma “avaliação exaustiva” dos “prejuízos para a comunidade”.

“Não temos nenhuma casa de primeira habitação ardida, mas temos muitos danos em habitações. O foco é recuperar o território assim que as condições o permitirem (…) É momento para agradecer, mas também de fazer a avaliação dos estragos. Em área ardida, só no território de Arouca são 4.000 hectares. Há prejuízos e tem de ser feita uma avaliação cuidada”, referiu a autarca socialista.

Ao terceiro dia de incêndio, Maria Belém disse estar hoje “bem mais descansada”, mas em causa está, lembrou, “um território tão vasto onde as possibilidades de reacendimento são grandes”, pelo que “a preocupação continua”.

“Os ventos são fortes e podem mudar, as dificuldades são imensas”, disse a autarca, indo ao encontro da análise do comandante de operações de socorro, Hélder Silva, segundo o qual “neste momento o incêndio está muito mais calmo, mas mantém três frentes”.

São elas Arouca, com 80% em resolução, Castelo de Paiva para Cinfães, com 30% em resolução, e Fornelos/Travanca, que “requer atenção pela dificuldade de acessos”, especificou o comandante.

“Não há neste momento casas em risco, mas os terrenos e os acessos são muito difíceis. Pode haver ventos que façam com que o incêndio progrida para habitações. Temos todos os meios empenhados no terreno, cinco meios aéreos a trabalhar, seis máquinas de rastos a fazer consolidação do perímetro. Este incêndio é enorme. É muito demorado”, disse Hélder Silva.

Em Castelo de Paiva a situação está agora controlada. O incêndio entrou em fase de rescaldo e vigilância, indicou a Câmara Municipal.

Estradas cortadas

Três estradas nacionais dos distritos de Aveiro, Portalegre e Castelo Branco estavam hoje de manhã condicionadas devido a incêndios rurais, anunciou a GNR.

Segundo um ponto de situação às 08:20, em causa estão, no distrito de Aveiro, a Estrada Nacional (EN) 224, com corte nos dois sentidos entre Arouca e Real, e a EN 225, com corte entre Alvarenga/Nespereira e Vila Viçosa – Travanca, também nos dois sentidos.

No comunicado enviado às redações, a GNR acrescenta, em Portalegre, a EN 18, com corte entre Vila Velha de Ródão (distrito de Castelo Branco) e Nisa (distrito de Portalegre), igualmente nos dois sentidos.

A GNR aproveita para apelar “ao contributo de todos na prevenção e combate aos incêndios”, pedindo que se abstenham de praticar atividades consideradas de risco, como a realização de fogo junto a áreas florestais, e sigam as indicações das autoridades que se encontram no terreno.

Grande parte do interior norte e do centro do país estão hoje em perigo máximo de incêndio rural, segundo dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Esta previsão abrange sobretudo os concelhos dos distritos de Bragança, Vila Real, Viseu, Guarda, Castelo Branco, Coimbra e Santarém.

ZAP // Lusa

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