“Estudem o meu cérebro”. Atirador matou 4 pessoas em arranha-céus de Nova Iorque

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SARAH YENESEL/EPA

Polícias de Nova Iorque monitorizam o edifício na Avenida Park, 345, um dia após o tiroteio.

Um polícia e três civis entre as vítimas mortais. Suspeito conduziu desde Las Vegas até arranha-céus de zona movimentada de Nova Iorque. No bilhete de suicídio, culpou doença fortemente associada à NFL e ao futebol americano.

Um atirador abriu fogo num edifício comercial em Manhattan, na cidade de Nova Iorque, matando um agente policial e pelo menos três civis esta segunda-feira.

O Departamento de Polícia de Nova Iorque informou que o suspeito também morreu, após disparar sobre si próprio, e que uma sexta pessoa se encontra gravemente ferida.

Como tudo aconteceu

De acordo com a chefe da polícia, Jessica Tisch, a central de atendimento do serviço de emergência 911 começou a receber chamadas a reportar um tiroteio durante a hora de ponta, numa zona movimentada da cidade.

Imagens captadas por câmaras de videovigilância mostram o suspeito, momentos antes do tiroteio, a estacionar o carro em segunda fila na Park Avenue, em frente ao edifício. Saiu do veículo e dirigiu-se à entrada do edifício a empunhar uma espingarda.

Já no corredor do edifício, o homem abriu imediatamente fogo contra o polícia de serviço. De seguida, disparou sobre uma mulher que tentava esconder-se atrás de uma coluna. Continuou depois a disparar pelo corredor, atingindo um segurança que procurava abrigo atrás de um balcão. Os três morreram. Ainda no átrio, o suspeito baleou outro homem que, embora tenha ficado hospitalizado em estado crítico, acabou por identificá-lo como o agressor.

Depois, o suspeito chamou o elevador, permitiu que uma mulher passasse, ilesa, e subiu ao 33.º andar, onde fez a sua última vítima. A seguir, caminhou por um corredor e tirou a própria vida.

Ex-jogador de futebol americano pede: “estudem o meu cérebro”

O alvo, o arranha-céus, abriga algumas das principais empresas financeiras do país, incluindo a gigante de fundos de investimento Blackstone, a auditora KPMG, e a sede da National Football League (NFL), a principal liga de futebol americano que terá sido, ao que tudo indica, o principal alvo de Shane Tamura, de 27 anos, natural do Nevada.

Em conferência de imprensa, o presidente da câmara de Nova Iorque, Eric Adams, afirmou que as autoridades ainda estão a “desvendar” o que aconteceu e se houve envolvimento de outras pessoas.

A chefe da polícia afirmou ainda, durante a conferência de imprensa, que o suspeito tinha “histórico documentado de problemas de saúde mental“, mas que a motivação do ataque ainda é desconhecida.

“Estamos a tentar perceber por que motivo escolheu este local específico”, disse Tisch, referindo-se à torre onde ocorreu o ataque. A zona onde teve lugar o tiroteio é popular entre turistas e profissionais em viagens de negócios. Acrescentou ainda que a polícia encontrou no carro do suspeito um estojo de espingarda, um revólver, carregadores e munições.

O bilhete de suicídio do atirador foi encontrado, e continha um pedido: “estudem o meu cérebro, por favor. Desculpem”, cita a FOX 5 NY. O suspeito, ex-jogador de futebol americano, refere ainda que sofria de encefalopatia traumática crónica, uma doença neurodegenerativa progressiva (ETC), causada por repetidos golpes na cabeça e fortemente associada ao futebol americano.

“Ato de violência sem sentido”

De acordo com o Gun Violence Archive, uma organização que recolhe, regista e divulga dados em tempo real sobre violência armada nos Estados Unidos, já ocorreram mais de 250 tiroteios no país este ano em que quatro ou mais pessoas foram baleadas ou mortas.

Estima-se que circulem cerca de 400 milhões de armas de fogo nos EUA, um número superior ao da população. O fácil acesso a armamento é um tema recorrente que há anos divide a opinião pública.

A governadora do estado de Nova Iorque, Kathy Hochul, condenou o “ato de violência sem sentido” que tirou a vida a “quatro nova-iorquinos, incluindo um dos melhores que Nova Iorque tem”.

“Os nossos pensamentos estão com os seus entes queridos e com todos os afetados por esta tragédia, e homenageamos os socorristas que, com coragem, correram em direcção ao perigo”, escreveu Hochul no X.

O favorito na corrida à presidência da câmara de Nova Iorque, Zohran Mamdani, disse estar “de coração partido” com a notícia do “horrível tiroteio”.

ZAP // DW

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