O primeiro-ministro de Cabo Verde considerou hoje que a ilha do Fogo já vive uma situação de catástrofe, na sequência das sucessivas erupções vulcânicas que ocorrem desde domingo na conhecida precisamente por “ilha do vulcão”.
Falando aos jornalistas após uma reunião com responsáveis municipais, forças de segurança e proteção civil em São Filipe, “capital” foguense, José Maria Neves indicou que o vulcão do Fogo, que “acordou” após 19 anos de “adormecimento”, continua “imprevisível”, tantos são os altos e baixos das atividades sísmicas e magmáticas.
“Neste momento estamos numa situação de catástrofe e, havendo esta situação, temos é de continuar com o trabalho da Proteção Civil. Desde o primeiro momento que se declarou a situação de contingência, aqui (no Fogo) e na Brava”, afirmou.
“Vamos ter de monitorizar cientificamente o vulcão para estabelecer cenários numa base diária. Já houve aumentos e diminuições da atividade sísmica e da emissão de lavas. As coisas vão acontecendo com altos e baixos e não podemos ter ideias muito precisas”, acrescentou.
José Maria Neves garantiu, porém, que a proteção civil está no terreno e a trabalhar de perto junto dos que, em Portela, a principal e a mais afetada povoação da zona de Chã das Caldeiras, guardam os seus pertences nas encostas, após esventrarem as respetivas casas, após mulheres, crianças e idosos terem sido retirados da povoação.
“Há muitas crianças, por exemplo, temos de lhes reforçar a dieta alimentar, de garantir que continuam nas escolas e jardins de infância e de criar as condições de terem alguma recreação e de viverem com mais dignidade. Temos gente de idade também. O trabalho vai continuar no terreno”, assegurou.
O primeiro-ministro cabo-verdiano, que falava aos jornalistas antes da nova e maior erupção registada desde domingo, adiantou que o Governo está já a elaborar um plano de médio e longo prazo para toda a zona próxima do vulcão.
“Vai haver uma destruição de Chã das Caldeiras e teremos de realojar as pessoas depois da fase de emergência, trabalho que vai ser feito imediatamente”, disse.
O primeiro-ministro cabo-verdiano destacou ainda a chegada de técnicos espanhóis ao Fogo, ligados ao Instituto Tecnológico das Energias Renováveis das Canárias, para medir a toxicidade do ar, devido à elevada quantidade de dióxido de carbono e de dióxido de enxofre no ar.
“Depois saberemos que medidas teremos de tomar relativamente aos gases que estão a ser emitidos. Constatamos hoje que há uma grande influência no Fogo e eventualmente na Brava”, concluiu.
Até agora, a erupção vulcânica provocou danos materiais graves em Chã das Caldeiras, mas não vítimas humanas.
/Lusa
Passei de navio pela ilha dias antes e estava tudo tranquilo…