As escolas portuguesas terão falta de professores a quase todas as disciplinas em 2031, caso não sejam tomadas medidas estruturais. O alerta é de um estudo da EDULOG, divulgado esta terça-feria, que fala em “emergência nacional”.
Há cada vez mais docentes a chegar à reforma e os que estão a estudar para serem professores não serão suficientes para colmatar as saídas.
Dentro de sete anos, as escolas terão falta de professores a praticamente todas as disciplinas.
A conclusão é do estudo “Reservas de Professores sob a lupa: antevisão de professores necessários e disponíveis” do gabinete de estudo na área da educação da Fundação Belmiro de Azevedo, que alerta para “emergência nacional”.
Se em 2021, a falta de professores se sentia apenas no momento em que era preciso substituir quem faltava, em 2031, a situação ganhará escala e será um problema estrutural, conclui a investigação coordenada por Isabel Flores.
Se em 2021 faltavam três mil docentes; “em 2031, vão faltar 24.000 professores e, desses, cerca de 8.000 a 9.000 são para preencher necessidades permanentes, ou seja, professores necessários para entrar no sistema para substituir os seus colegas que se reformam e cerca de 15.000 a 16.000 seriam para as substituições temporárias”, disse Isabel Flores à Renascença.
Se nada mudar, vão faltar professores de todas as áreas e níveis de ensino, à exceção de Educação Física, alerta o estudo que aponta para muito mais alunos sem aulas, em especial entre o 7.º e o 12.º anos.
Mas a falta de docentes irá agravar-se já dentro de dois anos a algumas disciplinas, segundo os investigadores que compararam as necessidades das escolas e os professores disponíveis e com formação necessária.
Os investigadores analisaram a situação vivida no ano passado e concluíram que já nessa altura “não foi possível substituir grande parte dos professores”.
O grupo de Informática está em carência em praticamente todo o país, destacando-se as escolas do sul que só conseguiram substituir cerca de 10% dos professores em falta.
O que fazer?
Perante este cenário, o EDULOG faz algumas recomendações, entre as quais aumentar o número de vagas nos cursos de formação de professores, especialmente em áreas mais críticas.
No entanto, o impacto desse aumento de vagas só se poderá sentir daqui a três anos, com a saída de professores com habilitação suficiente, ou cinco anos para professores com habilitação própria.
A criação de incentivos financeiros, a melhoria das condições de trabalho e oportunidades de progressão na carreira são outras das propostas feitas pelos investigadores.
O estudo recomenda ainda a criação de uma estratégia nacional para a gestão das reservas de recrutamento dos professores.
Os investigadores analisaram também a falta de professores noutros países – desde a Lituânia à Alemanha, passando pela Nova Zelândia, Reino Unido e até pelo estado da Washington – e concluíram que nenhum dos países estudados conseguiu resolver na íntegra o problema, mesmo depois de 30 anos de variadas políticas públicas.
Os investigadores concluíram que as políticas que preveem o pagamento dos custos de deslocação aparentam ter sucesso na redistribuição territorial dos professores.
À lupa
Fazendo um zoom pelo país, notam-se desigualdades regionais.
No Baixo Alentejo é onde faltam mais educadores para o pré-escolar (35% não foram substituídos) e o litoral destaca-se por ter mais carência de docentes para o 1.º ciclo, juntamente com a Área Metropolitana de Lisboa e o sul do país.
Estas três zonas – Lisboa, Alentejo e Algarve – há muito que já estão identificadas como as mais carenciadas, porque é no norte que a maioria dos alunos conclui a formação exigida para dar aulas, não querendo depois afastar-se muito de casa.
Atuais medidas não se ajustam
Neste estudo, não foram consideradas as medidas da atual equipa governativa, como o plano “Mais Aulas, Mais Sucesso”, que tem como objetivo reduzir os alunos sem aulas, ou o apoio financeiro dado aos professores deslocados.
Estas medidas “têm um impacto meramente conjuntural”, ou seja, “o problema estrutural continua lá”, disse o porta-voz do EDULOG, David Justino, em declarações à Lusa.
Para o ex-ministro da Educação, as medidas apresentadas pela equipa liderada por Fernando Alexandre têm “um efeito conjuntural, permitindo que se adotem, em seu devido tempo, outro tipo de medidas com maior impacto estrutural”.
ZAP // Lusa
Em 2030 não existirá a necessidade de professores… A IA irá gradualmente substituir essa classe profissional.
Com a decrescente taxa de natalidade que se verifica, decorrente da alteração de mentalidades e do crescente aumento de gêneros, em 2030, os raros alunos iram ter um percurso acadêmico acompanhado, de forma individualizada, por um humanoide que gerirá a sua evolução, de acordo com as suas capacidades e expectativas dos seus progenitores.