Ricky Davis é a primeira pessoa a ser libertada com recurso a testes modernos de ADN no estado da Califórnia e o segundo nos Estados Unidos.
Ricky Davis tinha 20 anos quando Jane Hylton, de 54 anos, foi assassinada na mesma casa onde ambos viviam na Califórnia. A moradia pertencia à avó do arguido e patroa da vítima, que teria acolhido Jane e a filha após se ter divorciado do marido. Na mesma casa vivia a filha da patroa, o neto Ricky Davis e a namorada Connie Dahl.
Na madrugada de 7 de julho de 1985, Ricky e a sua namorada encontraram a filha da vítima à porta de casa. Na altura, a jovem disse que se encontrava ali por ter medo de ser repreendida pela mãe, depois de ter ido a uma festa e ter chegado de madrugada a casa
Os três jovens acabaram por entrar juntos em casa. Quando entraram na habitação, encontraram sangue e Jane Hylton inanimada. Segundo os depoimentos prestados à polícia, os jovens chamaram de imediato o serviço de emergência, mas a vítima acabou mesmo por falecer.
Na altura, o marido da vítima chegou a ser considerado suspeito, mas acabou por ser ilibado. Em novembro de 1999, o caso foi reaberto e Connie Dahl, a namorada de Ricky, foi chamada a prestar depoimento novamente.
Segundo o Northern California Innocence Project, o seu depoimento foi completamente diferente do primeiro, pelo que acabou por alterar por completo o caso. Desta forma, no segundo depoimento, Connie incriminou o seu namorado como sendo o principal homicida de Jane Hylton, admitindo até envolvimento no crime.
Em agosto de 2005, Ricky Davis é levado para a prisão para começar a cumprir a pena de 16 anos de cadeia até prisão perpétua, pelo homicídio em 2.º grau de Jane Hylton.
Nove anos depois, em 2014, o Northern California Innocence Project volta a pegar no caso para exigir à procuradoria de El Dorado, na California, novos exames genéticos e de ADN aos vestígios do crime de 1985, uma vez que Ricky foi condenado praticamente apenas com o depoimento da namorada.
É então que os peritos forenses detetam ADN que não pertence ao condenado, que, entretanto, havia passado nove anos preso. Face às evidências, o caso é reaberto e, em 2019, ordenada a repetição do julgamento.
Segundo o The Guardian, na passada quinta-feira, dia 12 de fevereiro, Ricky Davis foi ilibado do crime e abandonou a prisão sem cadastro criminal, após passar quase 15 anos na prisão. A Procuradoria norte-americana confirmou que um outro suspeito foi identificado e detido em Roseville, apesar de a sua identidade não ter sido revelada.
Ricky Davis foi ilibado graças aos testes de ADN e às novas técnicas de análise genealógica forense. As autoridades recorreram a um banco público de amostras de ADN chamado GEDMatch, que contém um milhão de perfis de ADN. Esta base permite associar membros diretos da família ou membros mais afastados, como primos de 4.º ou 5.º grau.
Merica!…