Site de genealogia permite à polícia sueca encontrar homicida 15 anos depois dos crimes

Um sueco foi acusado e está a ser julgado por dois homicídios cometidos em 2004, crimes que na altura ficaram sem solução. Após mais de 15 anos, as autoridades conseguiram identificar o suspeito graças a sites de genealogia que armazenam informações sobre ADN.

Segundo noticiou na terça-feira o Guardian, Daniel Nyqvist, que confessou os crimes logo após a sua detenção, em junho, foi acusado do assassinato de uma mulher de 56 anos e um menino de oito, crimes que ocorreram em 2004. As duas vítimas, que moravam na cidade de Linkoping, no sul da Suécia, foram esfaqueadas.

Na altura, os investigadores não conseguiram identificar o indivíduo nem as suas motivações, apesar de terem encontrado ADN do suspeito no local, a arma utilizada, um boné com sangue e dos depoimentos de testemunhas, que apontavam para um jovem de cabelo loiro.

A polícia pediu ajuda ao FBI, mas o caso não foi solucionado. Com o passar dos anos, o arquivo do caso cresceu e tornou-se no segundo maior da história da Suécia, depois do assassinato do ex-primeiro-ministro Olof Palme, em 1986.

O caso foi finalmente resolvido quando uma nova lei – em vigor desde janeiro de 2019 -, permitiu à polícia procurar combinações de ADN de suspeitos em sites de genealogia, populares entre os suecos que buscam por parentes há muito perdidos. Os investigadores recorreram aos bancos de dados de GEDmatch e Family Tree.

“Recebemos uma correspondência imediatamente. E vários meses depois, o suspeito foi preso. O seu ADN foi coletado e correspondeu a 100%”, informaram as autoridades em comunicado, no dia seguinte à detenção. Nyqvist, cujo irmão esteve sob suspeita por um breve período devido à correspondência de ADN, confessou os dois crimes.

Com 21 anos na época, o homem admitiu durante os interrogatórios ter pensamentos obsessivos sobre matar, tendo escolhido as vítimas ao acaso, primeiro esfaqueando o menino e depois a mulher, que testemunhou o primeiro crime. Os especialistas concluíram que Nyqvist sofre de um distúrbio psiquiátrico grave.

O advogado de defesa Johan Ritzer disse na terça-feira em tribunal que, embora o seu cliente tenha admitido os crimes, rejeitou a acusação de assassinato premeditado, insistindo que o mesmo deveria ser julgado por homicídio culposo.

“Daniel estava a sofrer de um sério distúrbio psiquiátrico no momento dos assassinatos. Isso causou pensamentos obsessivos sobre matar duas pessoas e ele agiu de acordo com esses pensamentos. Ele tinha uma capacidade limitada para controlar as suas ações”, indicou Ritzer em tribunal.

Nyqvist disse aos investigadores que esperava ser preso ou morrer após os assassinatos. “Lembro que não escovei os dentes porque ia morrer ou ser apanhado naquele dia. Mas tive que fazer isso. E fiz no [modo] automático”, afirmou, durante o interrogatório.

Desempregado na altura dos crimes, o homem raramente saía da casa – na qual morava com os pais – na época dos assassinatos. De acordo com os investigadores, continuou a ter uma vida isolada, perto de Linkoping, depois de ter cometido os crimes.

ZAP //

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