Sistema bancário sombra está a crescer nas economias avançadas

 

International Monetary Fund / Flickr

Gaston Gelos, chefe da Divisão de Análise Financeira Global do FMI

Gaston Gelos, chefe da Divisão de Análise Financeira Global do FMI

O FMI considera que o sistema bancário sombra está a crescer nas economias avançadas, com a migração de algumas atividades do sistema bancário normal.

No Relatório de Estabilidade Financeira, divulgado esta quarta-feira, o FMI estima que o “sistema bancário sombra” tenha ativos entre 15 e 25 biliões de dólares nos Estados Unidos (11,9 e 19,8 biliões de euros) e entre 13,5 e 22,5 biliões de dólares na zona euro (10,7 e 17,9 biliões de euros). Já nos mercados emergentes o valor é estimado em 7 biliões de dólares (5,6 biliões de euros), sendo que nestes o crescimento está já a superar o do sistema bancário tradicional.

“O atual ambiente financeiro nas economias avançadas continua propício a um maior crescimento do sistema bancário sombra”, lê-se no relatório do FMI, que diz encontrar indícios que apontam para a “migração de algumas atividades, como a concessão de empréstimos a empresas, dos bancos tradicionais para o sector não bancário”.

Apesar de a origem da crise financeira também ter estado ligada a este sistema bancário sombra ou paralelo (shadow banking em inglês), o FMI diz que ele pode ser benéfico ao ter um papel complementar ao sistema bancário mais tradicional, ao ampliar o mercado de crédito, injetar mais liquidez e partilhar riscos.

No entanto, a instituição mostra-se preocupada com o aumento do risco sistémico devido a este sistema sombra e sobretudo nos Estados Unidos, onde tem muita força, pelo que pede maior monitorização uma vez que “a crise financeira global revelou que, com a ausência de regulamentação adequada, o sistema bancário sombra pode pôr o sistema financeiro em risco”.

Segundo o chefe da Divisão de Análise Financeira Global do FMI, Gaston Gelos, o sistema bancário sombra cresce com o aumento da rigidez das regras sobre os bancos, quando as baixas remunerações dos ativos levam os investidores à procura de retornos mais elevados e quando há uma grande procura por “ativos seguros” como companhias de seguros e fundos de pensões.

O FMI refere-se especificamente aos fundos de investimento que apostam em ativos para dizer que, segundo as suas estimativas, desde 2009 estes cresceram de 35% para 70% do PIB (Produto Interno Bruto) nos Estados Unidos e de 35% para 65% do PIB na zona euro.

A instituição mostra ainda estar preocupada com o elevado montante de ativos pouco líquidos detidos pelos fundos de investimento da zona euro, caso de empréstimos, e com o impacto que poderá haver no mercado caso muitos investidores decidam vender ao mesmo tempo.

O sistema bancário sombra ou paralelo inclui instituições financeiras como fundos de investimento, hedge funds, fundos de pensões, seguradoras ou empresas focadas no crédito hipotecário. Nos Estados Unidos, as agências Fannie Mae e Freddie Mac, criadas com o propósito de promover crédito imobiliário e que também estiveram envolvidas na origem da crise financeira, também são consideradas como pertencentes a este shadow banking.

/Lusa

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