A intensificação da ofensiva das forças governamentais em Aleppo e em Idlib, na Síria, levaram a que milhares de famílias tivessem que se deslocar para o noroeste do país, na fronteira com a Turquia. Nas últimas semanas, devido ao frio, nove crianças morreram congeladas.
Segundo noticiou o Expresso, a história de uma delas, de 18 meses, é contada ao New York Times pelo pai, Ahmad Yassin Leila. “Eu sonho com estar aquecido”, indicou o homem, acrescentando que só queria que os filhos se sentissem aquecidos. “Não quero perdê-los para o frio”, frisou. A família vive num abrigo de cimento, parcialmente coberto.
As tropas do Presidente sírio Bashar Al Assad, com o apoio da força aérea russa, tem aumentado os ataques, levando a que quase um milhão de deslocados procurem abrigo em prédios alugados ou abandonados, com a maioria a dormir em tendas e outros nas ruas.
De acordo com o Expresso, há quem compre combustível para os aquecedores, enquanto outros queimam madeira, roupa e sapatos para se aquecer. Uma família acabou por provocar um incêndio na tenda onde vivia, matando dois filhos.
Alertas sobre as condições dos deslocados já foram feitas por diferentes organizações. Num comunicado de 18 de fevereiro, a UNICEF informou que a violência naquela zona do país obrigou à deslocação de mais de 500 mil crianças nos últimos três meses. Segundo a organização, desde o início de 2020 morreram pelo menos 30 crianças e outras 40 ficaram feridas devido ao aumento da violência na zona.
“A situação no noroeste da Síria é insustentável, mesmo para as padrões sombrios Síria”, afirmou Henrietta Fore, diretora-executiva da organização. “As crianças e as famílias são apanhadas entre a violência, o frio, a falta de comida e condições de vida desesperantes. Este desprezo abjeto pela segurança e bem-estar das crianças e das suas famílias está para lá de todos os limites”, afirmou ainda.
A diretora da Save the Children, Sonia Khush, chamou a atenção para as baixas temperaturas e para as “péssimas condições de vida” nos campos de deslocados em Idlib. “À medida que mais civis procuram desesperadamente segurança na fronteira da Síria com a Turquia, estamos preocupados que o número de mortos aumente também devido às condições de vida absolutamente desumanas” nesses campos, indicou.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) divulgou que 298 civis foram mortos desde o início do ano e cerca de 900 mil pessoas foram obrigadas a abandonar as suas casas desde dezembro.