/

Silêncio de Manuel Pinho “confirma que tem algo a esconder”

1

Miguel A. Lopes / Lusa

Luís Marques Mendes

Para Luís Marques Mendes, a audição a Manuel Pinho foi “um dos momentos parlamentares mais deprimentes e degradantes” a que se lembra de ter assistido.

No seu habitual espaço de comentário semanal no “Jornal da Noite” da SIC, Luís Marques Mendes lançou duras críticas à audição de Manuel Pinho na Assembleia da República. Segundo o comentador, Pinho foi o protagonista de “um dos momentos mais deprimentes e degradantes” que viu “nestes últimos anos, na Assembleia da República”.

Manuel Pinho é suspeito de ter recebido mais de 500 mil euros da Espírito Santo (ES) Enterprises enquanto foi ministro da Economia no Governo de José Sócrates, entre 2005 e 2009. Como explica o Observador, Pinho recebeu sempre a mesma quantia mensal (14.963, 94 euros) através de duas sociedades offshore com sede em paraísos fiscais: a Masete II e a Tartaruga Foudation.

Este valor começou a cair nas mãos de Pinho quando era administrador executivo do banco Espírito Santo e administrador de várias sociedades do GES, em 2002, cargos que terá abandonado quando entrou para o Governo Sócrates.

Já depois de ter deixado o Governo, Manuel Pinho continuou a receber os mesmos 14.963, 94 euros até 2012. Já entre 2012 e 2014, recebeu mais 315 mil euros em contas abertas na Suíça em seu nome pessoal. Isto significa que, no total, Pinho terá recebido 2,1 milhões de euros do GES através da ES Enterprises.

A audição parlamentar tinha como objetivo quebrar o silêncio de Manuel Pinho, que durava já há 89 dia… e parece continuar. Segundo Luís Parques Mendes, Pinho só aceitou falar na Assembleia da República depois de ter feito um acordo com os deputados que os proibia de tocarem neste assunto.

Marques Mendes aponta o dedo a esta “condição”, mas não fica por aqui. Apesar de ambos os lados terem estado mal, Pinho este muito pior. “Ele teve uma atuação inqualificável, tanto na forma como no contexto” disse, criticando também a forma “arrogante, sobranceira e incorreta” com que falou na Assembleia da República.

No entanto, recusar-se falar do essencial mostrou que Manuel pinho não percebe que “um ex-ministro tem responsabilidades maiores que qualquer outro cidadão”. “A responsabilidade fundamental de informar, esclarecer e clarificar. Se não assumir isso está a comprometer-se a si próprio e à classe política. Ele tem o dever de falar!“, apontou.

Mas o momento alto do comentário de Marques Mendes surgiu quando a jornalista Clara de Sousa questionou se Pinho teria algo a esconder. Sem hesitar, respondeu: “Com certeza! O seu silêncio confirma tudo. Quem cala, consente.

“Não voltará a haver geringonça”

Já no que diz respeito à aprovação à alteração às leis laborais, Marques Mendes diz que não o surpreende a abstenção do PSD e o chumbo dos partidos da esquerda.

“Isso só prova aquilo que tenho vindo a dizer aqui – que o PS, BE e o PCP não se entendem em nenhuma matéria essencial“, ficando assim provado que “não voltará a haver geringonça depois de 2019”.

Desta forma, o comentador diz que o testemunho de João Oliveira, líder parlamentar do PCP, ao jornal Público não é um sinal de que será possível manter o atual compromisso com o PS. “Aquilo foi meramente uma manobra tática. O PCP sabe que a ideia de geringonça é popular na esquerda e não quer ser o mau da fita”, aponta.

ZAP //

1 Comment

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.