Silêncio é arma do novo primeiro-ministro

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TIAGO PETINGA/LUSA

O primeiro-ministro indigitado, Luís Montenegro, após a reunião com o Presidente da República.

Fugiu à polémica do chumbo de Aguiar-Branco e saiu da reunião de Marcelo em 15 minutos, sem prestar declarações. Montenegro anda muito calado, mas será que faz tudo parte da estratégia?

Saiu da reunião com Marcelo, a quem apresentou a lista dos seus ministros, em silêncio, com um dossiê debaixo do braço, mas não é a primeira vez. Montenegro anda muito calado, mas será que é por não saber o que dizer?

Para muitos analistas, o silêncio pode fazer parte da estratégia de Luís Montenegro.

Está a hipervalorizar a sua palavra e, quando falar, temos a legítima expectativa de que diga coisas que sejam importantes e marcantes”, explica a comentadora da CNN, Inês Serra Lopes, que aponta como muito importante o momento de tomada de posse: “tem de ser uma clara demonstração do que ele quer fazer no Governo. Não é só um discurso de pompa”. E afasta as comparações com Cavaco Silva.

Ao contrário de Cavaco, Luís Montenegro não é uma pessoa fechada nem isolada”, diz. Poderá adotar outra atitude “quando a tensão for menor”, acredita a analista. Mas nem todos acham que o silêncio é passageiro.

Luís Montenegro “está a tentar inventar um estilo”, diz Jorge Fernandes à rádio Observador. É mesmo uma tentativa de recuperação ao “estilo Cavaquista”, acredita.

“Basta ver a maneira como ele lidou com a formação do governo, com fugas de informação praticamente inexistentes e com controlo quase absoluto de quem ia convidar”, diz.

Está a tentar não envolver-se em polémicas, falar pouquíssimo. Desde as eleições interveio publicamente duas ou três vezes e sempre em coisas substanciais” — mas essa estratégia já não funciona como há 20 anos atrás, explica o doutor em Ciência Política. O ritmo era outro no tempo de Cavaco.

Além disso, “há gente hiperativa no Parlamento. Estou a referir-me a André Ventura, que tem uma capacidade de reação mediática muitíssimo forte”, sublinha, alertando para o facto de o líder do Chega se adiantar, muitas vezes, ao PSD em várias matérias — como na questão do polémico acordo que caiu na eleição do novo presidente da Assembleia da República esta semana.

“Funcionaria se fosse um governo de maioria absoluta”, mas agora, “pedir a outros no partido que façam certas coisas é complicado, porque há negociações que só podem ter lugar ao nível do líder partidário, porque os outros líderes não vão aceitar discutir com subalternos”, atira.

O primeiro-ministro indigitado e os ministros do XXIV Governo Constitucional tomam posse na terça-feira e os secretários de Estado dois dias depois. O debate do programa de Governo está marcado para 11 e 12 de abril.

Tomás Guimarães, ZAP //

6 Comments

  1. O indigitado primeiro ministro, tem razões que a razão bem conhece, para usar “a arma do silêncio”, sendo que os motivos do recurso à “arna”, em nada o abonam.
    Aém de não ter o dom da palavra, (isso limita-o na oratória), não tem competências para o lugar que ocupa, como ficou comprovado no dia da votação para a presidência da Assembleia da República.
    Aflito com o cenário, ficou mudo e sem reação, como uma criança após fazer asneira da grossa.
    Senti mesmo compaixão.
    Se o PS, vá pessoa de PNS não lhe tivesse valido, ainda hoje estaria sem reação, a usar a “arma do silêncio “…. que é como quem diz a arma dos sonsos e incapazes, depois da asneira e de constatarem a própria incompetência para dela saírem … bons mestres dessa arte não lhe faltam, na sua família partidária.

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  2. tretas, A ou B é a mesma coisa. Só há uma diferença: o PS com maioria absoluta teve tudo nas mãos, mas os grandes problemas deixou-os para vier a seguir. Do genero: quem vier atrás que…. feche ….. a porta

  3. Pois é Lucinda, tal como o António Costa e restante governo PS ficam caladinhos acerca dos 97.800€ escondidos no gabinete do seu chefe de gabinete….
    Isso também seria interessante saber para que é que os tinham lá.
    Tal como o António Costa fica calado quando questionado sobre assuntos que não lhe convém esclarecer ou, pior ainda, como quando o António Costa respondeu que quem teria que responder sobre “esse assunto” seria o respectivo ministro… COBARDE!

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  4. Pois é, Ti Manel,
    É uma chatice para os vesgos…
    A cobardia mudou de lugar, e a inflação inflacionou-se.
    É uma chatice para os vesgos… e a optometria está pela hora da morte.
    Desejo as melhoras,

  5. OS ladrões entram silenciosamente nos nossos bolsos , nas nossas casas , nos empregos …. É o silêncio da roubalheira e da ladroagem….

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