Os corpos de sete mil pessoas que foram institucionalizadas num centro de tratamento para doentes mentais estão enterrados debaixo da Universidade do Mississipi, nos EUA.
Os primeiros cadáveres foram descobertos em 2013, quando foram realizadas obras para construção de uma estrada, mas só agora é que foi possível perceber a quantidade de corpos ali depositados.
Segundo a BBC, o centro para onde eram enviadas pessoas com perturbações mentais, chamado Insane Asylum, esteve a funcionar entre 1855 a 1935 e os doentes eram mantidos enclausurados em jaulas.
De acordo com registos, em cada cinco doentes hospitalizados entre 1855 e 1877, mais do que um acabava por morrer.
Para exumar e voltar a enterrar todas as pessoas, os responsáveis estimam que sejam necessários até 21 milhões de dólares, cerca de 19 milhões de euros, mas o centro médico da universidade está à procura de uma alternativa mais barata.
Os professores da universidade querem criar um laboratório e um memorial para honrar os mortos e para que os alunos possam estudar os restos mortais dos pacientes.
Ralph Didlake, que supervisiona o Centro de Bioética e Humanidades Médicas, acredita que o laboratório será o primeiro do género nos EUA – dando a possibilidade de investigações sobre a vida no asilo entre 1800 e o início de 1900.
“Seria um recurso único e faria do Mississipi um centro nacional de registos históricos sobre a saúde no período pré-moderno”, afirmou a professora de antropologia, Molly Zuckerman.
Em março, na Irlanda, os investigadores da comissão Mother and Baby Homes registaram um acontecimento semelhante – uma campa com os restos mortais de bebés e crianças foi encontrada num antigo orfanato católico.
Esta descoberta confirma suspeitas com décadas de que uma vasta maioria da crianças que morreram na instituição foram enterradas no local em campas não identificadas, uma prática relativamente comum entre estes orfanatos e num período caracterizado por elevadas taxas de mortalidade.
O Governo irlandês lançou a investigação em 2014, no seguimento do trabalho de uma historiadora de Tuam, Catherine Corless, que descobriu as certidões de óbito de cerca de 800 crianças residentes na instituição, mas apenas o registo do enterro de uma criança.
Katherine Zappone, membro da comissão de investigação, considerou esta revelação “triste e perturbadora”, fazendo votos de que as famílias das crianças enterradas no antigo orfanato possam proporcionar funerais adequados aos corpos que venham a ser exumados.