Sem dinheiro para escritórios, há advogados a atender clientes em espaços públicos

Há advogados sem condições para pagar um escritório. Por isso, atendem os clientes em cafés ou centros comerciais. A Ordem dos Advogados fala em “violação flagrante do estatuto”.

No Porto e em Braga, foram reportadas 15 reclamações de clientes que terão sido atendidos por advogados em cafés ou centros comerciais.

À rádio Renascença, o presidente do Conselho Regional do Porto (CRP) da Ordem dos Advogados (OA), diz tratar-se de “uma violação flagrante do estatuto, porque põe em causa a regra principal da profissão, que é o sigilo profissional”.

“Nós temos que atender os clientes e falar com os clientes no recato. Estar a atender clientes em estabelecimentos comerciais, correndo o risco de na mesa ao lado a estar toda a gente a ouvir aquilo que o cliente está a dizer”, alertou Jorge Barros Mendes.

O presidente do CPR tem consciência que a falta de condições financeiras é o principal responsável pelo fenómeno.

Muitos advogados não conseguem ter um escritório – um problema que se agravou durante e no pós pandemia, com a perda de clientes, como constatado pela rádio Renascença.

“Primeiro temos um conjunto de colegas que infelizmente, não têm condições económicas para custear um escritório. Outros não conhecem as regras deontológicas da profissão em Portugal”, referindo-se aos profissionais de nacionalidade brasileira que exercem em Portugal.

Jorge Barros Mendes diz que é urgente que o Conselho Geral regulamente a questão dos escritórios de advogados e do domicílio profissional e encontre alternativas para ajudar quem está nessa situação.

A Ordem dos Advogados cede espaços para  os profissionais reunirem com os clientes, mas Jorge Barros Mendes admite que, às vezes, há desconhecimento por parte dos colegas”.

No ano passado, foram feitas mais de 40 queixas de pessoas que foram atendidas por advogados em espaços impróprios para o exercício da profissão.