Sem-abrigo retirados por Moedas terão ficado sem bens. Apoio da Câmara só deve durar um mês

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José Sena Goulão / Lusa

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas

Os vereadores do PCP alegam que os sem-abrigo retirados dos Anjos ficaram sem os seus pertences, com perdas de centenas de euros. Há ainda relatos de más condições no alojamentos temporários.

O anúncio de Carlos Moedas de que os sem-abrigo na zona da Igreja dos Anjos iriam ser retirados e temporariamente alojados está a dar muito que falar.

Os vereadores do PCP pediram esclarecimentos urgentes à Câmara Municipal de Lisboa, alegando que algumas das pessoas removidas terão perdido todos os seus pertences, com certos casos em que as perdas são de centenas de euros, o que agravou a situação de vulnerabilidade em que se encontram.

Segundo o requerimento apresentado à Câmara Municipal de Lisboa, muitos dos sem-abrigo retirados da zona saíram apenas com a roupa que vestiam. Os vereadores denunciaram que uma das pessoas perdeu uma bicicleta, que utilizava para ir trabalhar, resultando num prejuízo financeiro considerável.

Além disso, foram relatadas más condições nos alojamentos temporários, onde os sem-abrigo foram colocados em camaratas que albergam dezenas de pessoas, sem chuveiros adequados e sem separação por género. Os vereadores alertaram ainda que, a pelo menos uma pessoa, foi dito que o alojamento seria apenas de um mês, após o qual teria de encontrar uma solução permanente por conta própria.

João Ferreira e Ana Jara pediram, assim, esclarecimentos sobre o número de pessoas realojadas, o destino dos seus pertences e se foram asseguradas condições dignas de alojamento. Além disso, questionam qual a intervenção social prevista pela autarquia para apoiar estas pessoas após o prazo estipulado de alojamento em pensões e em hostéis.

O anúncio da retirada dos sem-abrigo foi feito por Carlos Moedas durante a celebração do feriado de 5 de outubro. “Estão todos colocados em muitos sítios, em pensões, em hotéis até que consigamos uma outra solução, mas eles não podem ficar ali sem teto. Neste momento, a minha última preocupação é o custo“, declarou o Presidente da Câmara de Lisboa.

Moedas aproveitou a ocasião para também criticar as políticas de imigração, referindo que o problema de sem-abrigo se deve, em parte, à “irresponsabilidade” da “política de portas escancaradas”.

O anúncio foi bastante criticado pela esquerda, que acusam a autarquia de não estar a resolver o problema dos sem-abrigo na raíz.

Do lado do Livre, Rui Tavares considerou que a retirada foi apenas feita no âmbito das celebrações do 5 de Outubro. “Quer dizer, até se pode fazer uma operação de 4 para 5 de outubro que não estejam exatamente no largo. O Largo dos Anjos não apresentava nenhuma diferença sensível esta manhã”, descreveu.

Já Fabian Figueiredo, líder parlamentar do Bloco de Esquerda, considerou que o discurso de Moedas foi “lamentável”. “Foi um discurso de um pequeno Napoleão que não reconhece o facto de Lisboa estar pior”, condenou, frisando que “se há portas escancaradas em Lisboa são à especulação imobiliária e ao excesso de carga turística” que faz disparar os preços da habitação.

Adriana Peixoto, ZAP //

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6 Comments

  1. Concordo com ele quando diz (Moedas aproveitou a ocasião para também criticar as políticas de imigração, referindo que o problema de sem-abrigo se deve, em parte, à “irresponsabilidade” da “política de portas escancaradas”)

    Realmente é verdade, vem cá tudo parar..

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  2. O PCP preferia que eles continuassem a viver na rua.

    A questão que se coloca é: não saíria mais barato deportar os sem-abrigo estrangeiros?

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  3. “Portugal precisa de mais imigrantes”, quem o diz? Os patrões… Pois o que interessa é manter baixo o custo hora da mão-de-obra. E o irónico disto é a esquerda que é tão anti-sistema, ser a que mais o alimenta. Venham então em barda trabalhadores do mais básico e desabilitado que há no mundo, que nós continuaremos a exportar os nossos cérebros.

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  4. Portugal precisa de mais imigrantes, Quem o diz são os donos dos hotéis, das grandes superfícies, e da restauração. Esses não andam a pé pelas ruas de Lisboa e muito menos em transportes públicos

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