O número de portugueses detidos nos últimos dias em manifestações contra o Presidente da Venezuela, em Los Teques, no Estado de Miranda, a sul de Caracas, subiu para seis e os estabelecimentos saqueados para uma centena.
Fontes diplomáticas e policiais explicaram à agência Lusa que as detenções ocorreram desde a última quarta-feira e que três luso-venezuelanos estão detidos num batalhão da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) no Instituto Venezuelano de Investigações Científicas (IVIC), de onde vão ser transportados para prisões da região.
Por outro lado, segundo fontes da comunidade portuguesa local, entre 90 e 100 estabelecimentos comerciais foram saqueados na última semana, entre os quais restaurantes, supermercados, um centro comercial, armazéns, lojas de bebidas alcoólicas e charcutarias, propriedade de empresários luso-venezuelanos.
Os saqueios ocorreram em diferentes dias e horas, alguns deles à noite, aproveitando os protestos.
Em pelo menos três localidades de Miranda, Los Teques, San António, San Pedro de los Altos, os populares mantêm um braço de ferro com as forças de segurança. As autoridades reprimem os manifestantes com recurso a gás lacrimogéneo e tiros de borracha, mas estes regressam após os ataques.
Na tarde de sexta-feira, em Montanha Alta, alegados manifestantes incendiaram um camião da GNB.
A oposição responsabiliza os “coletivos” (motociclistas armados afetos ao regime) pela violência e os saqueios e as forças de segurança de não atuar para deter os criminosos e o Partido Socialista Unido de Venezuela de proteger os irregulares.
Por outro lado, o Governo acusa a oposição de instigar a violência local e adverte que os oposicionistas poderiam estar a perder o controlo.
Na Venezuela, as manifestações a favor e contra o Presidente Nicolás Maduro intensificaram-se desde 1 de abril, depois de o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) divulgar duas sentenças que limitavam a imunidade parlamentar e em que aquele organismo assumia as funções do parlamento.
Entre queixas sobre o aumento da repressão, os opositores manifestam-se ainda contra a convocatória a uma Assembleia Constituinte, feita a 1 de maio último pelo Presidente.
Dados oficiais dão conta de que pelo menos 48 pessoas já morreram desde o início da crise.
// Lusa