Augusto Santos Silva explica que Portugal deixou de comunicar politicamente com Nicolás Maduro, “mas ao nível consular e diplomático temos de nos ajustar”.
Esta segunda-feira, na SIC, Augusto Santos Silva rejeitou que o Governo português esteja a reboque de outras nações, afirmando que Nicolás Maduro, com quem Portugal deixou de comunicar politicamente, perdeu a legitimidade eleitoral. Além disso, Santos Silva espera que sejam agendadas eleições nos próximos 30 dias.
“A organização de eleições implica um domínio do aparelho do Estado”, disse, explicando que o contacto do Executivo português com a Venezuela se desenvolve em duas frentes: politicamente, a relação é tratada com Juan Guaidó, e diplomaticamente, até porque está detido um luso-venezuelano, os contactos são feitos com o regime de Maduro.
“Portugal não está interessado em nenhum resultado”, mas os europeus desejam eleições livres na Venezuela.
“Estamos num processo político. É preciso que as candidaturas sejam apresentadas, que os tribunais as validem, que as mesas de voto sejam organizadas. O Presidente Maduro, no seu primeiro mandato, foi reconhecido universalmente como Presidente da Venezuela porque as eleições em 2013 foram consideradas democráticas”, afirmou.
Agora, segundo o ministro, “foi criada uma instituição fantoche, a assembleia constituinte, que ninguém reconheceu”. Para Santos Silva, a mais recente eleição de Maduro “decorreu com proibição de candidaturas, viciação de resultados e sem condições mínimas”. E são estas as razões que movem os europeus a aliados, argumenta.
O governante foi questionado sobre se cessou a ligação entre o Governo português e o Presidente Maduro, e na resposta Santos Silva foi taxativo: “Ao nível político, sim. Ao nível consular e diplomático, temos de nos ajustar”.
Em relação à segurança dos portugueses, o ministro disse, segundo o Expresso, que pensa no cenário “ao contrário”, desconfiando dos relatos que dão conta do armamento de 50 mil populares por parte do regime.
“Quem acompanhou as manifestações compreende bem de que lado está o povo venezuelano”. Quem acompanhou as sondagens, sabe bem de que lado está o povo venezuelano. [Os relatos do armamento dos 50 mil populares] não merecem grande crédito e duvido muito que sejam populares…”, explica.
“A posição europeia de defender a transição pacífica é justamente a posição que se faz contra a hipótese de confrontação interna ou intervenção externa. Quanto mais apoio tem Guaidó, mais seguro ele está [quanto às ameaças de que tem sido alvo]. Quanto mais seguro ele está, mais seguros estão os portugueses“, conclui.