Secretário-geral do Chega demite-se (na despedida escreve 6 vezes sobre liberdade)

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Tiago Sousa Dias, que há pouco tempo estava no Aliança, deixa o Chega porque viu que o caminho do partido não é o seu partido.

O Chega ficou sem um dos seus dois secretários-gerais. Tiago Sousa Dias anunciou no Facebook que deixou o partido liderado por André Ventura.

Sousa Dias, que há três meses recusou receber um salário por achar que quem está nos órgãos nacionais do partido não deve ser pago, começa por lembrar que preza muito a sua liberdade.

Sente-se orgulhoso pelo seu trabalho, sobretudo porque “limpou juridicamente” o Chega e porque, devido à sua nova estrutura jurídica, “salvou o partido de um novo pântano”.

Insistindo na liberdade ao longo da publicação, depois do orgulho, chegou o outro lado do processo: “Como em tudo na vida, nem tudo são rosas porém. Não abdico da liberdade de pensar por mim e de apenas me dedicar ao que verdadeiramente me motiva”.

Tiago Sousa Dias revela que nunca falou publicamente até agora, por estar à espera da contagem de todos os votos das últimas eleições legislativas.

Mas chegou o momento de anunciar que não se enquadra no caminho do Chega: “Tentei, por todos os meios, perceber e enquadrar-me no caminho que o Chega tem pela frente, mas na ausência de respostas, não encontrei outra solução”.

“Transmiti ontem ao Presidente do Partido a minha indisponibilidade para continuar na função de Secretário Geral, e entendo dever prestar uma palavra singela em público, não tendo direito ao silêncio”, anunciou Sousa Dias, que sai sem “dramas”, sem “gravidades” e sem “querelas pessoais”.

“Há simplesmente aquilo que entendo que deve acontecer em democracia. Discordância e a assunção da responsabilidade pessoal de ser consequente com ela. E na discordância podemos por vezes encontrar formas de dar de nós sem atrapalhar o trabalho principal. Outras, sem solução, devemos simplesmente colocar de lado os egos, os títulos ou as honras, dando espaço a que outros, mais enquadrados no espírito e na missão designada, possam simplesmente dar mais de si do que eu conseguiria neste momento”, justifica.

Tiago Sousa Dias nunca refere o assunto no seu texto mas a sua intenção seria ser candidato a deputado na Assembleia da República por Viseu; mas não foi escolhido por André Ventura.

Por fim, antes de indicar que continuará a ser “militante livre” do Chega, novo «recado» sobre a liberdade, conceito que é mencionado directamente seis vezes ao longo do texto: “Não respeitarei quem não respeitar a minha liberdade. Respeitarei e admirarei quem reciprocamente o fizer”.

Em 2019 o militante de 40 anos foi cabeça-de-lista do partido Aliança (com Pedro Santana Lopes como líder, na altura) nas eleições legislativas, pelo círculo fora da Europa

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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