A seca e a escassez de água podem afetar o planeta de forma sistémica se não forem tomadas medidas urgentes sobre a gestão da água e dos solos, alertou a Organização das Nações Unidas (ONU) no seu mais recente relatório, divulgado na quinta-feira.
A “seca está na iminência de se tornar a próxima pandemia e não há vacinas que a curem”, afirmou Mami Mizutori no relatório, representante especial do Secretário-Geral para a Estratégia Internacional das Nações Unidas para a Redução de Desastres (UNDRR), citado pelo Público.
“As populações têm coexistido com a seca durante cinco mil anos”, mas “as atividades humanas estão a exacerbar a seca e a aumentar o seu impacto”, ameaçando destruir os progressos para a eliminação pobreza, sublinhou.
“Comparando com outros desastres naturais”, as secas tornam-se perigosas por serem “eventos mais prolongados” e os seus impactos socioeconómicos e ambientais “podem durar décadas e afetar áreas desde bacias hidrográficas a centenas de milhares de quilómetros quadrados”, continuou.
As secas são motivadas pela mudança na precipitação – devido às alterações climáticas -; uso ineficiente dos recursos de água; degradação dos solos causado pela agricultura intensiva e más práticas agrícolas; desflorestação; elevado uso de fertilizantes e pesticidas; pasto intensivo e elevada extração de água para fins agrícolas.
O relatório apontou ainda para impactos indiretos através de crises alimentares, inflação dos bens alimentares, redução do fornecimento energético e pode piorar ou provocar agitação civil, conflitos e migração, o relatório.
Entre 1998 e 2017, cerca de 1,5 mil milhões de pessoas foram afetadas pela seca, com um impacto económico de aproximadamente 103 mil milhões de euros. A seca está a alastrar-se no Sul da Europa e na África Ocidental, podendo ser mais frequente na América do Sul, na Ásia Central, no Sul da Austrália, nos México e nos Estados Unidos.