Um artista russo ameaça destruir um conjunto de obras de arte, incluindo duas de Rembrandt e Picasso, no valor de mais de 40 milhões de euros se o ativista Julian Assange morrer na prisão.
Em mais uma ação que coloca a arte na mira do ativismo — desta vez, de uma forma criativa — um artista russo anunciou ter fechado um tesouro de obras de arte, que inclui um Picasso e um Rembrandt, num grande cofre, que está programado para destruir o seu conteúdo se o fundador do Wikileaks, Julian Assange, morrer na prisão.
O artista em causa, Andrei Molodkin, terá reunido para este projeto um conjunto de obras de arte no valor de 45 milhões de dólares (cerca de 41 milhões de euros), que serão destruídas se Assange não sobreviver ao seu encarceramento.
Molodkin deu ao projeto o nome de “O Interruptor do Homem Morto“. Além das 16 valiosas peças de arte, que estão guardadas em caixotes de contraplacado, o cofre de 29 toneladas contém um barril cheio de ácido e um “acelerador”, que é ativado automaticamente todos os dias, e um “interruptor”.
Diariamente, deve ser introduzida no interruptor a confirmação de que Assange está vivo, o que reinicia um temporizador por mais 24 horas. Se o ativista morrer na prisão, o interruptor não é reiniciado e ativa um processo químico que destrói as peças de arte em poucas horas.
O ativista encontra-se detido na prisão de alta segurança de Belmarsh, em Londres, desde que foi expulso da embaixada do Equador na capital britânica, em 2019, e tenta evitar a extradição para os Estados Unidos, onde é procurado pela justiça devido à publicação de informações governamentais classificadas no Wikileaks.
“Quando temos tanta violência e guerra, como na Ucrânia, em Gaza e em todo o lado, precisamos de liberdade de expressão e de liberdade de discurso para que as pessoas compreendam o que está a acontecer,” explicou Molodkin ao jornal britânico The Guardian, a quem apresentou as razões da sua iniciativa.
“Um dos exemplos mais importantes é Julian Assange, que está na prisão apenas pelo material que publicou. Ele mudou a história do jornalismo e da informação, mudou o mundo. Pessoalmente para mim, havia um mundo antes de Assange e há um mundo depois dele”, acrescentou.
“Não estou a tentar destruir arte, e não acredito que terei de o fazer,” adiantou Molodkin. “Não é ativismo. Acredito que Assange será libertado e que todos os colecionadores e artistas que doaram o seu trabalho para este projeto, o fizeram porque acreditam que ele não morrerá na prisão”.
Além das duas obras de Picasso e Rembrant, diz o The Guardian, o cofre contém trabalhos de artistas como Jasper Johns, Jannis Kounellis, Robert Rauschenberg, Jake Chapman, Andres Serrano, Santiago Sierra, Sarah Lucas, e do próprio Molodkin.
O cofre de Molodkin esteve guardado no estúdio do artista em Paris, onde foi esta sexta-feira trancado e enviado para um museu cujo nome não foi divulgado.
Naturalmente, os colecionadores endinheirados que doaram as suas peças ao artista russo têm agora mais 45 milhões de razões para esperar que Assange venha a ser libertado — e que a sua saúde resista até lá.