Scholz acusado de mentir sobre a Ucrânia – mas o Reino Unido estará a fazer o mesmo

John Thys / EPA

Emmanuel Macron e Olaf Scholz

Em causa o (não) envio de mísseis de cruzeiro para ajudar os ucranianos. Disparam-se críticas, mas há outras dúvidas.

O Parlamento alemão rejeitou uma moção da oposição para entregar mísseis de cruzeiro Taurus à Ucrânia.

O chanceler Olaf Scholz recusa esta ideia porque acha que os mísseis poderiam ser usados para atacar a Rússia, em solo russo.

Os mísseis Taurus têm um alcance de mais de 500 quilómetros; não seria difícil para a Ucrânia atingir território da Rússia.

“É uma arma de muito longo alcance, e o que está a ser feito em termos de selecção de alvos e de apoio a ataques por parte dos britânicos e franceses não pode ser feito na Alemanha. Não seria responsável“, viria a justificar Scholz, dias depois.

O chanceler quer evitar a todo custo que a Alemanha se envolva numa guerra com a Rússia – que certamente iria responder noutra escala, se fosse atacada com esses mísseis.

Mas agora disparam-se, não mísseis, mas críticas vindas de todo o lado, destaca o jornal Handelsblatt.

O foco das críticas é um: verdade. Opositores e especialistas acham que o líder do Governo da Alemanha está a mentir.

Entre partidos da oposição críticos, Anton Hofreiter (Verdes e parceiro de coligação no Governo) acusou Scholz de dizer “claramente inverdades”.

A especialista em segurança Jana Puglierin deixou a confusão no ar: “O chanceler alega que os alemães não podem fazer o que os britânicos e os franceses estão a fazer – mas os britânicos e os franceses dizem que não estão a fazer o que o chanceler diz que estão a fazer“.

Os mísseis em causa são os Storm Shadow/Scalp, com um alcance de 250 quilómetros, entregues pela França e pelo Reino Unido.

Colocar mísseis Taurus na Ucrânia seria colocar também soldados alemães a escolher alvos. Ou seja, seria colocar soldados alemães envolvidos na guerra com a Rússia.

O Reino Unido diz oficialmente que não tem qualquer soldado a fazer isso em relação aos mísseis Storm Shadow/Scalp.

No entanto, quando o Governo de Londres reagiu à sugestão de Emmanuel Macron de colocar soldados europeus ou da NATO na Ucrânia, a resposta foi: “Além do pequeno número de pessoal que temos no país para apoiar as forças armadas ucranianas, não temos planos para uma implantação em grande escala”.

A frase não foi clara, mas fica a ideia de que há soldados britânicos envolvidos na selecção dos alvos, apesar das negações oficiais – e apesar do segredo prolongado.

Para Scholz, a ideia é clara e fixa: não há mísseis Taurus para a Ucrânia. Mesmo que isso signifique ouvir críticas dos próprios parceiros de coligação no Governo. Por outro lado, o povo apoia: 56% concordam com esta recusa, segundo sondagem recente da RTL.

ZAP //

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