O antigo Presidente francês Nicolas Sarkozy vai responder em tribunal por alegado financiamento ilegal na campanha para a sua reeleição em 2012, que veio a fracassar, revelou uma fonte não identificada à agência France-Presse.
A acusação alega que Sarkozy ultrapassou largamente o limite autorizado de 22.5 milhões de euros para o financiamento da campanha e recorreu a contabilidade falsa por uma empresa chamada Bygmalion.
De acordo com a fonte, um dos dois juízes de instrução envolvidos do caso, Serge Tournaire, decidiu que o caso deveria ser julgado em tribunal, não obstante os esforços legais de Sarkozy para tentar evitar o julgamento em dezembro último.
A Bygmalion faturou alegadamente 18.5 milhões de euros ao partido de Sarkozy – que na altura se chamava UMP – União para um Movimento Popular – em vez de faturar os seus serviços à campanha do então Presidente.
Gestores da empresa reconheceram a existência de fraude e de contabilidade falsa e o julgamento irá focar-se sobre se Sarkozy tinha conhecimento ou tomou quaisquer decisões sobre o assunto.
Questionado pela polícia em 2015, Sarkozy disse que não se lembrava de alguma vez ter sido alertado para as contas da campanha e descreveu a controvérsia como uma “farsa”, atribuindo responsabilidades à Bigmalyon e ao UMP.
Os advogados de Nicolas Sarkozy já informaram que o ex-presidente francês vai recorrer da decisão judicial e que só um dos dois juízes instrutores do “caso Bygmalion” assinou a decisão de levar Sarkozy a julgamento – um facto que considerou “muito pouco habitual” e que, na sua opinião, “ilustra a inutilidade da decisão”.
Thierry Herzog, um dos advogados de Sarkozy, acrescentou que o seu cliente já pagou uma multa depois de o Conselho Constitucional sinalizar em julho de 2013 que superara o limite de despesas permitido.
Sarkozy pagou, na altura, 363.615 euros do seu próprio bolso, enquanto, através de um peditório junto dos militantes e simpatizantes do partido, recolheu os quase 12 milhões de euros que o Estado lhe tinha pago como gastos de campanha e que o Constitucional o obrigou a devolver.
// Lusa