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Nem “os sapatos reais de Pippa” valeram à Helsar. Desavenças familiares levam à falência

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Helsar / Facebook

Fábrica de calçado Helsar, em São João da Madeira.

Foram as desavenças familiares entre os proprietários e uma escassez de matéria-prima que levaram à insolvência da fábrica de calçado Helsar, segundo o Sindicato do sector. A falência da empresa de São João da Madeira que ficou conhecida por calçar figuras como Jennifer Lopez e Shakira, além de ter feito os sapatos que Pippa Middleton usou no casamento real, deixa 55 pessoas no desemprego.

A dirigente do Sindicato dos Operários da Indústria de Calçado, Malas e Afins dos Distritos de Aveiro e Coimbra, Fernanda Moreira, avança à Lusa que as “encomendas não faltam” na Helsar e que os problemas da fábrica resultam, sobretudo, do “mau ambiente” e da “má gestão”.

Com mais de 40 anos, a Helsar ganhou palco mundial depois de ter sido notícia por ter fabricado os sapatos que Pippa Middleton usou no casamento da sua irmã Kate com o príncipe William.

Em 2012, a revista Forbes chegou a fazer um artigo sobre a fábrica onde referia “como os sapatos reais de Pippa ajudam a economia portuguesa“, salientando que o facto de Pippa Middleton ter usado sapatos feitos pela empresa familiar tinha levado ao aumento das suas exportações para o Reino Unido de 9% para 75%.

Além de Pippa Middleton, outra figuras conhecidas como Jennifer Lopez e Shakira também usaram sapatos feitos pela Helsar.

“Ainda na sexta-feira, a empresa despachou uma encomenda de 60.000 euros. Mas, nos escritórios, já disseram que, mesmo que o cliente pague no imediato, o dinheiro fica logo retido no banco, tantas são as dívidas que a empresa lá tem”, lamenta Fernanda Moreira, frisando que ainda não há salários em atraso.

Mas os trabalhadores já foram informados que no dia 15 de Dezembro não receberão o subsídio de Natal e o mesmo se espera que aconteça relativamente ao salário de Dezembro.

A Helsar fabricava calçado feminino de gama alta, mas nos últimos tempos havia já algumas quebras de produção, “com os operários a serem mandados para casa quando não havia trabalho suficiente”.

“Sempre houve muitas desavenças familiares lá dentro e os sócios estavam sem interesse nenhum na empresa – tanto que, ultimamente, eram os clientes e os trabalhadores com mais responsabilidade que ficavam a acompanhar as encomendas”, realça Fernanda Moreira.

A sindicalista diz que as administradoras da Helsar se têm recusado a adiantar mais pormenores sobre o caso e espera que haja uma rápida intervenção do tribunal para melhorar a situação de “55 pessoas que ficam no desemprego sem necessidade, só porque os patrões não souberam tomar conta de um negócio que tinha tudo para estar bem”.

A administração da Helsar não tomou qualquer posição sobre o caso.

Entretanto e após vários anos a crescer, o calçado português começa a dar sinais de quebra, com uma queda de 5% nas exportações neste ano. “Uma descida que acontece pela primeira vez na última década”, como atesta a RTP. Os empresários do sector apontam a deslocalização de empresas para os mercados de Leste, bem como os abrandamentos de mercados como França e Alemanha e o Brexit como factores para esta quebra.

ZAP // Lusa

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