Marcelo quer conhecer acordo de São Tomé com a Rússia. “Como? Quer pedir-me o acordo?”

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O primeiro-ministro são-tomense afirmou esta sexta-feira que o seu executivo não precisa de Portugal para se relacionar com a Europa e avisou que as autoridades portuguesas só conhecerão o acordo militar com a Rússia se for publicado.

A República Democrática de São Tomé e Príncipe “não precisa de Portugal” para se relacionar com a Europa, diz o primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada.

O governante reagia às declarações de Marcelo Rebelo de Sousa, que na passada quinta-feira afirmou desconhecer o acordo de cooperação assinado entre São Tomé e Príncipe e a Federação Russa, mas que vai querer conhecer o documento.

Este acordo de cooperação militar entre a Rússia e São Tomé foi assinado a 24 de Abril e entrou em vigor no dia 5 de Maio, mas só agora foi conhecido.

“Honestamente, ele quer conhecer como? Ele quer pedir-me o acordo? Eu também tenho muita curiosidade em conhecer muitas coisas, mas sejamos claros: aqui há o respeito da soberania e há o respeito das regras diplomáticas, por conseguinte há coisas que não fazem sentido”, reagiu Patrice Trovoada.

Se o acordo passar a ser publicado, o Presidente português tomará conhecimento como toda a gente, por conseguinte não estamos nessa fase e de momento é preciso que, de facto, as pessoas se acalmem”, acrescentou o primeiro-ministro são-tomense.

Patrice Trovoada reagiu também às declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel, que afirmou, na quinta-feira, que Portugal e “outros Estados europeus manifestaram estranheza” perante o acordo.

“Assim que houve notícia deste acordo, entrámos em consultas com as autoridades são-tomenses para explicar que, Portugal – em primeiro lugar – e, entretanto, ao longo do dia outros estados europeus manifestaram estranheza, apreensão e perplexidade perante este acordo”, disse Paulo Rangel em entrevista à SIC Notícias.

Isso é o problema do ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal. Nós temos relações bilaterais com muitos países e nós não precisamos de Portugal para nos relacionar com outros países, sejamos claro, se um país europeu quer manifestar preocupação, fala comigo, e não fizeram isso”, disse o primeiro-ministro são-tomense.

Trovoada sublinhou que São Tomé e Príncipe é soberano e que se relaciona com toda a gente. “Eu dou-me muito bem com muitos países europeus, não preciso de passar por Portugal para falar com a Europa, se a Europa também precisa falar comigo não precisa de passar por Portugal”, vincou.

Patrice Trovoada disse que o MNE são-tomense manifestou ao seu homólogo português “a necessidade de não estarem preocupados mais além com isso” e sublinhou que não pede para ver quando Portugal assina acordos com terceiros.

O chefe do Governo são-tomense enfatizou ainda que muitos países, incluindo os europeus, continuam a manter relações com a Rússia, apesar da guerra com a Ucrânia. “Quando houve os atentados terroristas ultimamente na Rússia, os Estados Unidos propôs até o apoio à Rússia“.

“Quero também lembrar que muitos países europeus, embora a situação de conflito com a Ucrânia, continuam a importar gás, petróleo e urânio da Rússia, o que em princípio deve servir para melhorar a situação financeira da Rússia, que, por sinal, deve servir também à Rússia a continuara a guerra com a Ucrânia”, realçou.

“Então, nós somos um país livre, independente, soberano, somos adultos e eu penso que do lado do Governo português não há nenhum problema”, acrescentou.

Patrice Trovoada disse que, do lado são-tomense, “as coisas estão claras, estão tranquilas” e o acordo com a Rússia “está em vigor” e vai ser efetivado.

Não se vai fazer um bicho-de-sete-cabeças para uma coisa simples e não contem com São Tomé e Príncipe para o fazer. Nós somos um Estado livre e independente, nós cooperamos com os nossos amigos, não somos ingratos com os nossos amigos”, diz Trovoada.

“E, dentro dessa cooperação, dentro do cenário internacional, dentro das opções que nós fizemos, há uns com o qual andamos 10 metros, uns 100 metros, há uns com o qual não andamos, em função dos nossos interesses, e os outros fazem a mesma coisa em função do seus interesses”, disse Patrice Trovoada.

Segundo a agência de notícias russa Sputnik, o acordo militar “por tempo indeterminado” foi assinado em São Petersburgo a 24 de abril e entrou em vigor a 5 de maio, prevendo formação, utilização de armas e equipamentos militar e visitas de aviões, navios de guerra e embarcações russas ao arquipélago.

ZAP // Lusa

7 Comments

  1. Sr Primeiro ministro de São Tomé não faça caso. desculpe, o nosso Presidente já não diz coisa com coisa, dê um desconto….aqui está a importância que as ex-colónias dão a Portugal…ZERO!! Abram a pestana políticos portugueses!!!! Portugal está num descrédito total, nacional e internacional….

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  2. Portugal em Africa so vai apanhar as “migalhas” deixadas pelos novos Colonos, China e Russia, e entre tanto, Portugal abre as fronteiras aos Africanos…

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  3. Esqueçam lá as reparações do colonialismo e guerras que não são nossas e procurem respeitar a soberania dos países e focar nos laços de amizade culturais que temos com esses povos, que são as grandes vantagens competitivas que temos com relação a grandes potências como China, França, Inglaterra, etc. Ao governo só se pede que crie um ambiente favorável. As empresas portuguesas farão o resto. Não prejudiquem mais os Portugueses no mundo!

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  4. Os africanos de São Tomé que vão para a russia e china, mas la tem que trabalhar, aqui e mordomia e subsídios. os contribuintes sempre a pagar.

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  5. O presidente da República quer conhecer um documento que está disponível desde o dia 24 de abril . O que fazem os seus assessores em Belém?

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  6. Na verdade o Jorge tem razão, isto sem racismos; já que fizeram um acordo com a Rússia, então que a partir de agora passem a ir para lá trabalhar, para beneficiarem do acordo, que vai ser muito útil à Russia, principalmente logisticamente ( e que um dia ainda vai servir para o F.D. Putin reforçar o seu ataqur à Europa)

  7. Que “Trovoada ” vai desencadear este Sr. 1º Sinistro ! ……. mas enfim entre Totalitários não é de admirar . Quanto a Portugal ,,,trancas na porta !

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