Santos Silva quer que Ventura se inspire em Buda – e que se cale mais cedo

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António Pedro Santos / Lusa

André Ventura no Parlamento

Líder do Chega tinha dois minutos para uma pergunta. Oito minutos depois, ouviu literalmente um sermão do presidente.

Augusto Santos Silva vs. André Ventura.

O duelo vai tendo vários “assaltos” no Parlamento e, nesta quarta-feira, surgiu mais um. Não terá sido o último.

O debate era sobre a eliminação do IVA em diversos produtos alimentares. O primeiro a falar foi António Mendonça Mendes, secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, que apelou à colaboração de todos os envolvidos.

Catarina Martins foi a primeira deputada a falar. A porta-voz do Bloco de Esquerda olhou para contas: um cabaz básico desce 8 euros mas continua a custar mais 2% do que há um ano.

“Isto, se correr bem. Se correr mal, isto não passa de uma promoção aos supermercados paga com 410 milhões de euros dos contribuintes. E os salários e as pensões continuam cada vez mais curtos. A experiência diz-nos que isto tem tudo para correr mal, basta olhar para a Espanha”, avisou a deputada.

Quando chegou a vez de André Ventura, o líder do Chega começou por lamentar a ausência de Fernando Medina, ministro das Finanças, que não esteve neste debate. “Há uma certa vergonha e o ministro das Finanças pediu ao secretário de Estado (Mendonça Mendes) para fazer este frete”.

Ventura contextualizou: o Partido Socialista votou cinco vezes contra o IVA zero e agora “quer ser o autor” desta medida. “Um pedido de desculpa seria bonito, por parte do PS”.

O deputado disse que Portugal tem o segundo maior excedente orçamental da União Europeia “à custa de cobrar impostos aos portugueses que trabalham”.

André Ventura centrou-se num ponto, ao lado desta intervenção: qual é o “acordo de cavalheiros com a produção e com a distribuição” que o Governo diz ter?

Enquanto falava, a bancada parlamentar do PS reagia com palavras e alguns deputados batiam na mesa – nada novo no Parlamento.

A certa altura, e sendo constantemente interrompido, Ventura parou de falar e pediu mais 40 segundos ao presidente da Assembleia da República porque “os PS está impossível”.

Augusto Santos Silva olhou para o relógio e viu que Ventura já estava a caminho dos oito minutos de intervenção – que deveria durar dois minutos. Mesmo assim, cedeu 20 segundos extra.

“Parece um banqueiro, senhor Presidente. Vinte segundos?”, reagiu Ventura, a sorrir.

Santos Silva comentou: “Um dos mais famosos sermões do Siddhartha Gautama, também conhecido como Buda, foi um sermão em que ele esteve calado, contemplando uma flor. O senhor deputado também se podia inspirar”.

Gargalhada geral na Assembleia da República, enquanto André Ventura sorria mas abanava a cabeça.

Após um curto período de espera, e enquanto ia olhando de lado para Santos Silva, a sorrir, Ventura falou: “Eu nunca ficarei calado enquanto os portugueses lá fora estiverem a sofrer”.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

2 Comments

  1. O ASS é uma flôr. Dessa forma tem-se comportado como tal, nomeadamente qd pensa na presidência. Cheirando esta flôr, cheira mal. Não se vê pessoa mais hipócrita e cínica na política. Não estou a falar de bes@s, estou a falar de cinismo. Contra ele, nem o V tem pedalada. Por aí, se vê o estilo do menino.

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