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“Abusei da amizade”. Santos Silva confessa que pediu ajuda a Sócrates num concurso público

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Luís Ruivo / Lusa

O empresário Carlos Santos Silva à chegada para o segundo dia de audição no Tribunal Central de Instrução Criminal.

O empresário Carlos Santos Silva confessou no primeiro dia de interrogatório com Ivo Rosa que chegou a sugerir ao antigo primeiro-ministro José Sócrates que o ajudasse num concurso público em que o Grupo Lena participou.

De acordo com a SIC Notícias, que teve acesso a parte do interrogatório no âmbito da Operação Marquês, Santos Silva admitiu ter “abusado da amizade” com o ex-primeiro-ministro, mas garantiu que foi o próprio José Sócrates a travar o assunto.

Não resisto a contar um pequeno episódio (…) Não o devia ter feito. Mas uma vez pedi uma coisa ao engenheiro José Sócrates”, disse o alegado “testa de ferro” de José Sócrates ao juiz de instrução Ivo Rosa.

Em causa estava um concurso público de 2000 para o saneamento das águas dos dos rios Zêzere e Coa. O Grupo Lena, conta a SIC, tinha uma proposta 300 mil euros mais barata do que a melhor classificada no concurso e Santos Silva decidiu levar o assunto a Sócrates.

“Comentei com ele essa situação. Dessa vez tive essa libertinagem. Sabe o que aconteceu? Ele [Sócrates] disse: ‘Nunca mais me fales disso. Não me fales de uma coisa dessas’ (…) E sabe o que aconteceu? Perdemos”, disse o empresário da Covilhã.

Santos Silva utilizou este exemplo no primeiro de três dias de interrogatório para afirmar a Ivo Rosa que Sócrates nunca intercedeu em nenhuma situação para beneficiar o Grupo Lena, ao contrário do que sustenta a acusação do Ministério Público.

“Relatei esse episódio em que abusei da amizade. Mas nunca falei com o engenheiro José Sócrates sobre qualquer empresa”, apontou Santos Silva.

Questionado pelo juiz de instrução sobre se nunca tinha falado com José Sócrates, como seu amigo, sobre a internacionalização do Grupo Lena, o empresário da Covilhã respondeu negativamente. “Não. Em situação alguma”.

Carlos Santos Silva é acusado de 33 crimes entre os quais corrupção passiva e ativa, branqueamento de capitais, falsificação de documentos, fraude fiscal e fraude fiscal qualificada no âmbito da Operação Marquês.

O processo, que tem José Sócrates como principal arguido, teve início a 19 de julho de 2013 e culminou na acusação a 28 arguidos – 19 pessoas e nove empresas – pela prática de quase duas centenas de ilícitos económico-financeiros.

ZAP //

9 Comments

  1. As Televisões e outros meios de comunicação social já fizeram e durante muito tempo, um julgamento público de factos e pessoas, que serão irreversíveis…Agora só nos resta esperar pelos factos, verdadeiramente provados, referentes às acusações feitas, e pelo desfecho final…

      • Enganaste-te no local, ò garanhão.
        Onde é que viste um ataque a um comentário de outro leitos?!
        Espero que o Pai Natal te traga uns óculos de casca-de 4-laranja, para te ajudar a enxergar num futuro próximo.
        Até lá vais continuar cegueta…

  2. Isto é o que dá quando a Justiça entrega a Comunicação Social acusações ainda não fundamentadas depois dá nisto.
    Afinal onde está o segredo de justiça.!, Não compete a comunicação social interferir em processos sobretudo com elevada complexidade enquanto vimos outros processos que não são investigados onde outros políticos fora acusados em contratos ruinosos para o estado e nunca mais se ouviu falar nesses casos, existiu sim a falta de informação da Comunicação Social, queira queira quer não o que é verdade é que chegamos a conclusão que logo no início de um processo existe interesses que todos sabemos quem são e a razão que os leva á decisão de julgar ou não e contra isso nada se pode fazer, os poderosos não olhem a meios para atingir seus fins, muitas cabras e Cabritos , quando se chega a este nível na justiça, passa a ser uma telenovela para alimentar a Comunicação Social que deixou de ser um meio de informação para se dedicar ao lucro das audiências que é isso que lhes interessa não olhando a meios para cumprir as ordens de todo o tipo de desinformação ao serviço do patronato de seus cordeiros e Cabritos, enquanto outros batem como de um jogo de futebol se tratasse

    • Isso, Tomé, é o que havemos de ver…
      Até lá, sou como São Tomé: só acredito quando eu ver!
      Assim, só acredito que a associação criminosa de altos dirigentes – nomeadamente de titulares de altos cargos públicos – é efectivamente punida como ela merece, quando isso acontecer de facto.
      Porque até lá…continuo em descrença.

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