O presidente do PSD, Rui Rio, não acolheu os nomes indicados por Santana Lopes, que constavam do acordo que ditou a união entre as duas candidaturas depois da eleição social-democrata.
Pedro Santana Lopes não desmente a rutura com Rui Rio, atual presidente do PSD, e confirma o afastamento entre os dois desde o congresso. “Não temos trabalhado. Não tem acontecido nada em conjunto. A realidade é essa. Não se pode chamar rutura aquilo que não foi entrelaçado ou casado, se quiser”, afirmou esta terça-feira SIC Notícias.
Segundo o Público, Santana não está “zangado” com Rio. No entanto, o ex-provedor da Santa Casa confirma que sugeriu “alguns nomes relevantes” para as listas conjuntas aos órgãos do PSD que acabaram por não ser acolhidos.
Embora não tenha falado em traição nem em liderar a oposição interna – “não posso nem quero” – Santana Lopes admite o afastamento com o líder do PSD. “Só confirmo que não tem havido trabalho nenhum conjunto. Rio procurou juntar no congresso e depois nada mais”, sustentou.
Esta terça-feira, o Jornal i avançava que tinha havido uma rutura entre os dois sociais-democratas, após o acordo para as listas conjuntas, fechado no último congresso. Ao Público, o ex-diretor de campanha de Santana Lopes, João Montenegro, explicou que o antigo líder ficou incomodado depois de ver que Rio não acolheu as suas sugestões.
Assim, Montenegro confirmou a existência de uma “rutura” com Rio e que o ex-líder “pode romper com a solidariedade que existiu até agora e começar a fazer oposição interna”.
Santana e Rio chegaram a acordo sobre listas para o Conselho Nacional, Conselho de Jurisdição, Instituto Sá Carneiro e Conselho Estratégico Nacional. Na altura, Santana Lopes fez um conjunto de sugestões de nomes para o Conselho Estratégico Nacional, que é visto como um Governo-sombra do PSD. No entanto, nenhum dos nomes foi acolhido. João Montenegro admitiu que isso causou “muito incómodo“.
Entre os nomes que Rui Rio não acatou estão o antigo embaixador Martins da Cruz, o presidente da Câmara de Óbidos Humberto Marques e Vítor Rosário Cardoso, elemento de Macau que deveria ter ficado à frente do gabinete dos emigrantes.
Os nomes “foram viabilizados pelo dr. Rui Rio e pelo dr. Salvador Malheiro”, afirmou João Montenegro. “Ficámos espantados por nenhum desses nomes indicados ter integrado os porta-vozes e coordenadores” do CEN, sublinha, apontando uma “quebra do acordo celebrado”.
“Todos cabem no PSD”
Segundo o Diário de Notícias, João Montenegro questiona ainda que os acordos que o PSD se prepara para assinar esta quarta-feira com o Governo – sobre fundos europeus e descentralização – não tenham sido levados a discussão no Conselho Nacional do partido. “A direção nacional toma o seu caminho e, em áreas tão importantes como estas, não ausculta os principais órgãos”.
Salvador Malheiro confirmou ao jornal que o acordo assinado no congresso prevê nomes próximos de Santana para o CEN, mas garante que a composição está longe de estar fechada e que o compromisso assumido “será honrado”.
Por outras palavras, o vice-presidente do PSD disse que os nomes apontados por Santana serão integrados, mas ainda não está definido em que equipas do CEN.
“Tenho o máximo respeito pela atitude que a equipa do dr. Santana Lopes assumiu no congresso, o acordo é para cumprir, eu honro a minha palavra”, diz o dirigente social-democrata. “Toda a gente cabe neste PSD.”