O CENA-STE, Sindicato dos Trabalhadores do Espetáculo, do Audiovisual e dos Músicos, divulga hoje em comunicado que continuam em atraso, e sem garantias de pagamento, os salários dos trabalhadores da série Ministério do Tempo.
No dia 4 de julho, a organização sindical divulgou a paragem das gravações da segunda temporada da série. Os trabalhadores envolvidos na série divulgaram a situação nas redes sociais. Ministério do Tempo é produzida pela Just Up e transmitida pela RTP1.
Com o atraso no pagamento dos salários, os trabalhadores decidiram abandonar a produção a seis episódios do fim da segunda temporada. No recente comunicado d0 CENA-STE, a situação dos trabalhadores de Ministério do Tempo é considerada grave. Vários telespetadores terão também manifestado solidariedade e preocupação para com os trabalhadores.
Dias depois, o sindicato reuniu-se com a Just Up que informou da possibilidade de no dia 14 de julho ter uma solução para o problema das dívidas.
O CENA-STE lamenta que “Passado este prazo, e apesar das nossas tentativas de contacto, continuamos sem novidades. O elenco e a equipa técnica continuam assim a ser lesados no seu direito fundamental de serem remunerados pelo trabalho feito”.
Acrescenta ainda que as perspetivas de resolução do caso se apresentam cada vez mais dificultadas. E que, a cada dia, surgem informações que demonstram que o presente cenário tinha já sido previsto pela Just Up. A produtora terá decidido continuar uma produção que não teria as condições para terminar.
Neste mesmo comunicado é feito um apelo à RTP para que ajude a esclarecer o que aconteceu de errado com a produção de Ministério do Tempo. Salientando-se que este caso pode vir a servir como exemplo para que no futuro não se repita uma situação semelhante. E por fim, o sindicato diz que vai tomar “as ações que necessárias para fazer valer os direitos dos trabalhadores em questão” e aconselha todos os profissionais do setor a não admitir que situações similares lhes sejam impostas.
Ministério do Tempo ou mistério dos salários em atraso
O Ministério do Tempo é um formato original da Veralia, uma empresa espanhola. Foi apresentado à RTP pela Iniziomedia, a empresa que produziu os 13 primeiros episódios, e acabou por abandonar a produção devido a vários problemas financeiros.
Quando toda a situação veio a público, também a RTP emitiu um comunicado. A mensagem do mesmo sustentava que independentemente dos futuros desfechos, que iria sempre lançar novas séries baseadas em propostas de produtoras. Vendo esta estratégia como “novas oportunidades de trabalho” para todos os profissionais envolvidos no processo de produção – equipas de escrita, atores, realizadores, equipas técnicas, entre outras.
No mesmo comunicado pode-se ler-se pela televisão pública que “Apesar de a RTP ser alheia aos problemas de incumprimento por parte da produtora, quer deixar uma palavra de solidariedade às equipas de profissionais da série ‘Ministério do Tempo’, desejando uma rápida resolução do impasse”.
A RTP esclareceu também que a Just Up terá informado quanto às dificuldades em fazer as gravações da segunda temporada da série Ministério do Tempo. No entanto, “não comunicou definitivamente a sua incapacidade” de continuar a produção da série televisiva.
No dia 4 de julho, o ator António Capelo, um dos protagonistas de Ministério do Tempo, tornou pública no Facebook uma carta que dá conta deste caso.