Rutura na direita complica escolha de candidato para suceder a Rui Moreira

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O vice-presidente da Câmara Municipal do Porto, Filipe Araújo

O movimento independente de Rui Moreira deixou a porta aberta a uma candidatura de Filipe Araújo à autarquia, o que está a causar um conflito com o PSD e CDS, que preferem Pedro Duarte.

O cenário político no Porto está em turbulência à medida que se aproximam as eleições autárquicas de 2025. O movimento independente criado por Rui Moreira e os partidos de direita, PSD e CDS, enfrentam uma cisão que pode comprometer a capacidade de formar uma frente unida contra o socialista Manuel Pizarro, candidato do PS à Câmara do Porto.

O fim de semana revelou o desenlace de meses de tensão entre os aliados de Rui Moreira e os partidos de direita. Um comunicado do movimento independente reafirmou a intenção de lançar uma candidatura independente, que provavelmente será liderada por Filipe Araújo, atual vice-presidente da Câmara.

Enquanto os apoiantes de Filipe Araújo defendem a continuidade de uma liderança independente, o CDS e o PSD apostam numa coligação liderada por Pedro Duarte, atual ministro dos Assuntos Parlamentares. No entanto, a indefinição sobre a candidatura de Duarte e o aparente desinteresse do PSD em dialogar com o movimento independente agravam as tensões.

O avanço de uma candidatura de Pedro Duarte também depende de uma saída do CDS do movimento independente para se poder juntar ao PSD. Segundo o Observador, o facto de o CDS ter sido associado ao comunicado sobre a candidatura de Filipe Araújo apanhou Nuno Melo e Luís Montenegro de surpresa e terá deixado o presidente centrista furioso, obrigando os centristas a desvincular-se.

O movimento também critica a “postura arrogante e suicida” dos dirigentes do PSD, que terão ignorado as tentativas de alcançar uma solução parecida à que foi conseguida em Coimbra, em que o independente José Manuel Silva liderou uma candidatura de uma coligação de PSD e CDS.

Internamente, o movimento independente também enfrenta desafios. A saída de figuras influentes, como os vereadores Fernando Paulo e Ricardo Valente, fragiliza a coesão e levanta dúvidas sobre a viabilidade de uma candidatura independente.

Há ainda membros do movimento que duvidam da capacidade de Filipe Araújo de ganhar. “É possivelmente o elemento mais leal, mais sério, mais confiável e tecnicamente mais bem preparado. Mas isso nem sempre chega para ganhar eleições”, referiu uma fonte do movimento ao Observador. Mesmo Rui Moreira ainda não se pronunciou oficialmente sobre um apoio a Filipe Araújo para lhe suceder.

Com a direita fragmentada e um PS fortalecido, o futuro político do Porto apresenta-se incerto. Se o PSD e o CDS não conseguirem alinhar uma estratégia coerente, enfrentam o risco de prolongar a ausência de poder no município e de perder terreno para a candidatura socialista.

ZAP //

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