Rússia: “Precisamos de voltar à repressão de Estaline. Havia disciplina!”

Proposta na Duma para voltar ao passado, troca “azeda” de palavras entre Rússia e República Checa e projecto de resolução nos EUA.

Os Estados Unidos da América apresentaram nesta terça-feira um projecto de resolução sobre a posição da Câmara dos Representantes em relação às condições para a vitória da Ucrânia na guerra com a Rússia.

O documento, que junta democratas e republicanos, reforça a ideia dos EUA: a Ucrânia deve vencer este conflito e restaurar suas fronteiras reconhecidas internacionalmente em 1991.

Os políticos norte-americanos consideram que a Ucrânia deverá ser integrada na NATO noutras instituições euro-atlânticas.

O projecto de resolução defende ainda que a Rússia deve pagar indemnizações à Ucrânia, que a Ucrânia deve receber assistência da comunidade mundial no seu processo de restauração, quer responsabilizar a liderança da Rússia por esta guerra e quer justiça para as vítimas de crimes cometidos pela Rússia durante esta invasão.

O relato foi do embaixador da Ucrânia para os EUA, Oksana Markarova, citado no portal TSN.

“Ritmo recorde” na UE

Sergei Lavrov considera que a União Europeia “está a militarizar-se a um ritmo recorde” e a tornar-se agressiva no objectivo de conter a Rússia.

“Agora há muito poucas diferenças entre a União Europeia e a NATO”, comentou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, em conferência de imprensa.

Lavrov referia-se à declaração conjunta entre UE e NATO, que tem como prioridade a segurança da organização política e económica dos países da União Europeia, assegurada pela NATO, de acordo com o ministro.

“A NATO nunca teve qualquer intenção de parar. A NATO prometeu várias vezes à Russia que não se expandiria. Eram mentiras. As avaliações imparciais que os nossos cientistas políticos, bem como os estrangeiros, fizeram é que a NATO procurou dividir a Rússia”, acrescentou o responsável.

Russos vs. checos

O presidente da República Checa avisou que a China não quer paz na Ucrânia. Por isso, não deve ser um mediador na guerra.

“Acredito que é do interesse da China manter o status quo. Porque isso pode levar a Rússia a fazer uma série de concessões”, avisou Petr Pavel, em entrevista ao Politico.

Sergei Lavrov também abordou esta perspectiva: “São declarações que nada têm a ver com o trabalho de um político normal”.

Os checos responderam rapidamente. Jan Lipavsky, ministro dos Negócios Estrangeiros da República Checa, apareceu no Twitter para chamar “palhaço” a Lavrov. E acrescentou: “A Rússia é um estado terrorista e a sua liderança deveria comparecer perante um tribunal internacional”.

Voltar aos tempos de Estaline

Entretanto, nesta terça-feira houve deputados russos da Duma Estatal a propor um regresso aos tempos das “repressões de Estaline”.

O canal Nexta cita o deputado Gurulyov, que recordou o seu avô, soldado na II Guerra Mundial.

“Todos entenderam que naquela época era preciso fazer isso (repressão) no Estado. Há quem me pergunte: ‘Você quer as repressões de Estaline?’ Sim, eu quero!”

“Sim, foram cometidos erros. Mas havia disciplina. E hoje a questão principal é a disciplina”, justificou o deputado.

Gurulyov acredita que os soldados russos devem assumir a responsabilidade pessoal pelas suas tarefas e nunca reclamar das ordens que lhes dão.