Rússia está a contratar comandos afegãos treinados pelos EUA

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Membros do Corpo de Comando do Exército Nacional de elite do Afeganistão, que foram treinados pelos Estados Unidos (EUA) e pelos aliados ocidentais, afirmaram que foram contactados para se juntarem aos militares russos e lutarem na Ucrânia.

De acordo com o Foreign Policy, fontes militares e de segurança afegãs indicaram que a força de infantaria ligeira treinada pelos EUA – que lutou ao lado dos norte-americanos e de outras forças especiais aliadas durante quase 20 anos – poderia fazer a diferença que a Rússia precisa no campo de batalha ucraniano.

Os 20.000 a 30.000 comandos voluntários do Afeganistão foram deixados para trás quando os EUA saíram do Afeganistão e o país foi “entregue” aos talibãs, em agosto de 2021. Apenas algumas centenas de oficiais superiores foram evacuados quando a república entrou em colapso.

Milhares de soldados fugiram para os vizinhos enquanto os talibãs caçavam e matavam aqueles que eram leais ao governo. Muitos dos comandantes que permanecem no país estão escondidos para evitar a execução.

Segundo o jornal, os EUA gastaram quase 90 mil milhões de dólares na construção das Forças Nacionais de Defesa e Segurança Afegãs, tendo sido instruídos pela Marinha norte-americana e pelo Serviço Aéreo Especial Britânico.

Essas tropas esperam reassentamento nos EUA ou na Grã-Bretanha, o que os torna alvos fáceis para os recrutadores russos, disseram fontes de segurança afegãs.

Um antigo alto funcionário de segurança afegão, que pediu anonimato, disse que a sua integração no exército russo “seria uma mudança de jogo” no campo de batalha ucraniano, uma vez que o Presidente Vladimir Putin está alegadamente a utilizar o grupo de mercenários Wagner para recrutar prisioneiros.

O grupo, dirigido por Yevgeny Prigozhin, surgiu pela primeira vez na Crimeia após a sua anexação, em 2014, e desde então tem presença na Síria, na Líbia e noutras zonas de África.

Um antigo oficial indicou o grupo está por trás do recrutamento. “Estou a dizer-vos [os recrutadores] são do Wagner. Eles estão a reunir pessoas de todo o lado. A única entidade que recruta tropas estrangeiras [para a Rússia] é o grupo Wagner, não o seu exército”, indicou.

“Não é uma suposição; é um facto conhecido. Eles seriam melhor utilizados pelos aliados ocidentais para lutar ao lado dos ucranianos. Eles não querem lutar pelos russos; os russos são o inimigo. Mas que mais podem fazer?”, indagou.

Alguns ex-comandos relataram contactos recebidos no WhatsApp e no Signal com ofertas para se juntarem a uma “legião estrangeira” russa para combater na Ucrânia. Membros dos círculos militares e de segurança do Afeganistão alertaram que até 10.000 antigos comandos podem estar recetivos às ofertas russas.

“Não têm país, não têm emprego, não têm futuro. Não têm nada a perder. Estão à espera de trabalho por 3 a 4 dólares por dia no Paquistão ou Irão ou 10 dólares na Turquia, e se o Wagner ou outros serviços de inteligência oferecerem 1.000 dólares para voltar a ser um homem de combate, não o rejeitarão”, indicou outra fonte.

E continuou: “Se [o Wagner] encontrar um indivíduo para recrutar, pode conseguir que metade da sua antiga unidade se aliste porque eles são como irmãos – e muito em breve, terá um pelotão inteiro”.

A vulnerabilidade dos comandos afegãos foi assinalada num relatório de Michael McCaul. Referindo-se aos meios de inteligência  norte-americanos – que incluem os comandos afegãos – ele disse que estes “poderiam apresentar um risco potencial para a segurança dos EUA se fossem coagidos a trabalhar com um adversário, incluindo grupos terroristas internacionais ou atores estatais como a China, a Rússia e o Irão”.

Um antigo comando, de 35 anos, escondido no Afeganistão, disse ter ajudado colegas a ligarem-se a um gabinete de recrutamento em Teerão. Os recrutas foram transportados do Afeganistão para o Irão e depois para a Rússia. “Quando aceitam a oferta, os seus telefones são desligados. Procedem em segredo”, disse.

“Estamos muito desiludidos. Durante 18 anos, ombro a ombro, desempenhámos tarefas perigosas com consultores norte-americanos, britânicos, e noruegueses. Agora, estou escondido. Estou a sofrer a cada segundo”, acrescentou. O comandante não aceitou a oferta, uma vez que considera a Rússia um país inimigo do Afeganistão.

Outro comando que lutou ao lado das forças especiais britânicas disse ter fugido para o Irão para escapar aos esquadrões da morte talibãs e agora receia ser detido pela polícia iraniana. Ambos os comandos disseram que queriam reinstalar-se na Grã-Bretanha, mas não sabem como contactar as autoridades para pedir proteção.

As mensagens de recrutamento vistas pelo Foreign Policy utilizam a mesma linguagem, sugerindo uma operação centralizada. “Qualquer pessoa que queira ir para a Rússia com melhor tratamento e bons recursos: por favor, enviem-me o vosso nome, o nome do vosso pai e o vosso posto militar”, dizem as mensagens.

Os beneficiários são convidados a ajudar a recrutar outros membros das suas unidades. A televisão afegã relatou igualmente que as ofertas de recrutamento incluem a cidadania russa.

ZAP //

5 Comments

  1. Logo nos primeiros tempos da guerra a camarilha do Kremlin criticava os “mercenários” ocidentais que foram voluntariamente combater ao lado dos Ucranianos e ameaçava-os. Mas então estes afegãos – e os chechenos e outros combatentes curiosamente islamitas – já não são mercenários?!

    • Ó pá… aquilo anda complicado. Já morreram muitos, a destruição de equipamento tem sido imensa… Fazem o que podem. Pedem armamento a terceiros e combatem ao longe, dado que no terreno a coisa está difícil. Mandam uns mísseis (cada vez menos porque também se estão a acabar) e como os drones iranianos são baratos, a solução tem passado por aí. O que lhe dava jeito era usar bombas nucleares, que isso têm muitas, mas para isso têm de arranjar um pretexto que o justifique. Daí dizerem que a Ucrânia está a preparar-se para usar uma bomba suja. Que no fundo serão os russos a utilizar para dizer que foram os ucranianos e a seguir poderem lançar uma nuclear. No meio disto tudo só acho piada a alguns generais comentadores na CNN portuguesa que não veem aquilo que todos veem. É para questionar: como é que algumas destas criaturas chegaram a generais. Pelo passar dos anos. Até porque no nosso exército há mais oficiais do que praças. Triste realidade. Qualquer macaco chega a general.

      • – Palavras e mais palavras- baseadas em quem! No que lhe dizem, naquilo que assiste!
        Alguém dizia – olhe que não, olhe que não- ! Neste caso olhe que nem tudo que ve e ouve
        será a pura das verdades…..A história o dirá !

      • Muita treta mas não disse nada.
        Acha mesmo que é preciso que a história me diga?! Costuma andar acordado ou passa o dia a dormir?!

  2. Tudo uma guerra de tronos só que esta, é combinada e aceite entre todos, nas famosas reuniões do Clube Bilderberg e não só, e sim, não estive presente, mas, não é necessária muita inteligência para perceber que somos dominados por mentiras de todos estes mentirosos …

    Será que alguém ainda acredita nesta guerra, da forma como nos é transmitida?

    É tudo farinha do mesmo saco, quem se lixa? Claro, sempre os mesmo, são os que nada tem a perder, como os tais “mercenários” e, os povos que andam desnorteados e sem poiso…

    Este é um resumo da guerra, em que ( sempre ) só existe vencidos, mortos , pragas, catástrofes económicas, desnorte, e quiçá o fim de “era uma vez uma planeta azul” :/(

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