O Ministério da Defesa da Rússia acusou os EUA de estarem a ajudar elementos do grupo terrorista Estado Islâmico a fugir da Síria, apresentando como “provas irrefutáveis” imagens falsas – nomeadamente uma fotografia retirada de um videojogo.
A acusação do Ministério da Defesa russo foi feita através das redes sociais, depois de a BBC ter divulgado uma reportagem que confirma que a coligação internacional, liderada pelos EUA e pelo Reino Unido, apoiou um acordo secreto que permitiu a fuga de centenas de terroristas do Daesh de Raqqa, cidade síria que era a capital do Estado Islâmico.
Os russos publicaram várias imagens descritas como “provas irrefutáveis” de que os EUA estariam a ajudar elementos do Daesh a fugirem da Síria. Só que eram imagens falsas.
As fotografias eram apresentadas como tendo sido registadas no terreno de operações, nomeadamente na cidade síria de Albu Kamal, a 9 de Novembro passado, exibindo o que deveria ser um veículo com terroristas do Daesh a fugir, sob protecção dos EUA.
O Ministério da Defesa da Rússia acusava os EUA de dificultarem a intervenção militar russa na Síria, contra alvos do Estado Islâmico, e de “usarem” o Daesh para “promover os interesses americanos no Médio Oriente”.
Mas afinal, as imagens não tinham nada a ver com as alegações russas e uma delas era mesmo uma captura de ecrã de um jogo de computador – AC-130 Gunship Simulator: Special Ops Squadron.
As outras fotografias foram retiradas de vídeos divulgados pelo Exército iraquiano, no âmbito de bombardeamentos a forças do Daesh em Fallujah, em 2016, adianta a CNN.
A falsidade das imagens foi detectada por utilizadores das redes sociais, designadamente por um grupo de russos, intitulado “Conflict Intelligence Team”, que se dedica a analisar informações das Forças Armadas da Rússia.
A explicação oficial da Rússia é que um funcionário do Ministério da Defesa “anexou, por engano, as fotos erradas” às publicações feitas nas Redes Sociais, conforme cita a CNN.
Entretanto, essa primeira publicação, com as imagens falsas, foi apagada. Mas as acusações russas foram republicadas nas redes sociais com novas fotos.
Nos EUA, um porta-voz do Departamente de Defesa, Adrian Rankine-Galloway, fala de um “comportamento particularmente decepcionante e inconsistente com o espírito do depoimento conjunto dos presidentes dos Estados Unidos e da Federação Russa de 11 de Novembro”, segundo declaração divulgada pela CNN.