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Rui Pinto tinha “negócio online” de venda de livros e antiguidades

Mário Cruz / Lusa

O criador do Football Leaks Rui Pinto, em prisão preventiva e acusado de 90 crimes, tinha um “negócio online” de venda de livros e antiguidades com o pai em Budapeste, cidade onde residia até ser detido.

A informação foi revelada pelo acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, a que a Lusa teve acesso, que rejeita o recurso da defesa do hacker, que pretendia retirar a medida de prisão preventiva, a mais gravosa. Nele consta um excerto de interrogatório no qual o português, de 30 anos, explica estar “desempregado” em Portugal, tendo esse negócio em Budapeste.

“Isso tem a ver com livros antigos, com antiguidades, porque a Hungria fazia parte do império austro-húngaro, a língua oficial era o alemão, e existia diverso comércio, comercialização de livros da Alemanha para o império austro-húngaro e depois, com o início da segunda guerra mundial, muitos desses livros, na Alemanha, desapareceram”, explicou, lembrando as listas dos livros proibidos, e referiu que em Budapeste “existiu uma grande oportunidade de encontrar esse tipo de livros”.

Questionado pela juíza sobre se “é daí que retira o seu sustento”, Rui Pinto confirma e explica que nunca teve um contrato de trabalho, vivendo em Budapeste desde fevereiro de 2015, trabalhando então com a recolha de vários livros e peças, primeiro, e depois a revenda, através de “sites próprios para isso”.

“Obtínhamos [os bens que depois eram vendidos] através de feiras, mercados de antiguidades, livrarias. Na Hungria, e em leilões online na Hungria. Livros antigos e efémera, basicamente são papéis que não era suposto durarem vários anos, mas que felizmente duraram”, referiu o arguido de um processo em torno do ‘caso Football Leaks’.

O Tribunal da Relação de Lisboa decidiu “julgar improcedente” o recurso apresentado por Rui Pinto, criador do Football Leaks, e manteve o hacker em prisão preventiva até ser julgado por 90 crimes.

“Nos termos e com os fundamentos indicados, julga-se improcedente o recurso apresentado pelo arguido Rui Pedro Gonçalves Pinto”, pode ler-se no acórdão do tribunal, que decidiu manter a medida aplicada, da qual o hacker tinha recorrido, após ter sido detido preventivamente, em março de 2019.

Entre as acusações estão crimes de acesso ilegítimo, acesso indevido, violação de correspondência, sabotagem informática e tentativa de extorsão, tendo o Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa decidido deixar cair 57 crimes em relação à acusação do Ministério Público, em setembro de 2019.

Depois de ter sido preso na Hungria e extraditado para Portugal, ao abrigo de um mandato internacional, Rui Pinto está preso desde março de 2019, tendo revelado recentemente que entregou um disco rígido à Plataforma de Proteção de Denunciantes na África, que permitiu a recente revelação dos Luanda Leaks, um caso de corrupção relacionado com a empresária angolana Isabel dos Santos.

// Lusa

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