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Rota do Ártico vai ser navegável o ano todo — e mudar a geopolítica e o comércio global

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ZAP // NASA Earth Observatory

De acordo com um estudo recente da Universidade de Pequim, num futuro não muito distante, a Rota do Mar do Norte, no Ártico, poderá ser navegável todo o ano — e tornar-se um corredor fundamental para o comércio marítimo global.

As alterações climáticas estão a transformar o Ártico numa via navegável viável, com potencial para remodelar o panorama do transporte marítimo internacional, conclui um novo estudo conduzido pela Universidade de Pequim, na China.

A equipa de investigadores, liderada por Pengjun Zhao, apresentou um relatório revelador sobre o futuro do comércio marítimo no Ártico, especificamente ao longo da Rota do Mar do Norte.

O estudo, publicado na revista Communications Earth & Environment, explora a forma como as alterações climáticas poderão permitir a navegação ao longo desta rota durante todo o ano até ao ano 2100.

O Ártico está atualmente a aquecer quase duas vezes mais depressa do que o resto do planeta, e o gelo marinho está a recuar a um ritmo sem precedentes, abrindo novas possibilidades para o transporte internacional.

Esta situação afeta a vida selvagem e os ecossistemas da região — mas além disso, de acordo com o estudo agora divulgado, num futuro próximo a extensão do gelo marinho em setembro será quase inexistente , abrindo potencialmente rotas de navegação anteriormente impensáveis.

Zhao, P. et al / Communications Earth & Environment

A rota do Mar do Norte, pelo Ártico encurta significativamente o tempo de viagem entre a Europa e a Ásia

Esta transformação da paisagem ártica poderá permitir que os navios façam a travessia direta entre a Europa e a Ásia através da Rota do Mar do Norte, reduzindo a distância da viagem em 40% e o tempo de transporte em 30%, em comparação com rotas tradicionais como o Canal do Suez.

Isto não só reduziria o consumo de combustível e as emissões de carbono, como também melhoraria a eficiência do transporte global, salienta o LBV.

O estudo centra-se na avaliação da navegabilidade da Rota do Mar do Norte utilizando modelos climáticos que projetam as futuras condições do gelo marinho.

Estes modelos consideram diferentes cenários de emissão de gases com efeito de estufa, que vão de baixo a médio, para prever como será a navegação no Ártico no final do século.

Os investigadores analisaram a viabilidade de navegação de dois tipos de embarcações: navios polares de classe 7, concebidos para navegar em condições de gelo, e navios de águas abertas, que atualmente não podem transitar nestas zonas durante o inverno devido às condições adversas.

Os resultados indicam que, no ano 2100, os navios polares da classe 7 poderão navegar durante quase todo o ano, enquanto os navios de mar aberto terão uma época de navegação significativamente alargada.

Especificamente, no cenário de emissões moderadas, os dias de navegação dos navios polares da classe 7 aumentarão de 199 dias em 2023 para 301 dias em 2100. Para os navios de mar aberto, o aumento seria de 195 para 247 dias por ano.

O impacto potencial da abertura de rotas marítimas através do Ártico não só traria benefícios económicos, ao reduzir os custos de transporte, como também poderia influenciar a dinâmica do comércio mundial e a geopolítica.

Além disso, a abertura destas rotas poderia alterar a divisão internacional do trabalho e a distribuição industrial, alterando os padrões do comércio mundial.

O estudo também salienta os desafios que a navegação no Ártico apresenta. O clima extremo, as condições imprevisíveis do gelo e a falta de infra-estruturas de apoio adequadas são obstáculos significativos.

A região continua a ser perigosa e hostil à navegação, exigindo avanços tecnológicos e melhorias nas infra-estruturas para garantir a segurança.

Além disso, a abertura das rotas marítimas do Ártico levanta importantes questões geopolíticas. A governação do Ártico e a regulamentação do trânsito através destas novas rotas exigirão cooperação internacional e acordos claros para garantir uma navegação segura e sustentável nesta região sensível.

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2 Comments

  1. Estas afirmações especulativas e NÃO suportadas pelos dados sobre o gelo no Ártico são meras fantasias irrealizáveis nos tempos próximos e distantes! Para melhor se compreender a falta de seriedade desta notícia, basta dizer que o valor mínimo de área gelada no Ártico – com, pelo menos, 15% de gelo – ocorreu a 17 de setembro de 2012 com 3 MILHÔES e 337 mil Km2… o que corresponde praticamente à terça parte da superfície do continente europeu! O último valor – 19-09-2023 – é de 4 MILHÔES 230 mil Km2, um pouco mais de 40% da área da Europa. Factos contra fantasias… mas por que razão nada disto é acrescentado a estas notícias totalmente desinformativas, de modo a que os leitores possam compreender melhor e assim avaliar por si próprios a credibilidade – ou falta dela! – daquilo que lhes é dito?!

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