O ex-futebolista brasileiro Ronaldo Nazário revelou esta terça-feira que comprar um clube português continua nos seus planos, depois de se ter tornado em setembro de 2018 o acionista maioritário dos espanhóis do Valladolid.
“Voltei há dois anos a Madrid e estava à procura de uma equipa para comprar. Procurei por todo o lado. Em Inglaterra, a segunda divisão era ainda muito cara para mim. Procurei por Portugal e ainda estou à procura. Depois, estava a fazer comentários para a televisão no Mundial de 2018 e o meu advogado ligou-me com uma oferta do Valladolid”, contou.
O antigo campeão do Mundo pelo Brasil recebeu esta terça-feira na cimeira tecnológica Web Summit, em Lisboa, o prémio de Inovação no Desporto, um galardão que foi entregue por Pedro Siza Vieira, ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, e que Ronaldo – eternizado pela alcunha ‘O Fenómeno’ – considerou ser “incrível” receber, após pouco mais de um ano nas funções de presidente de um clube.
“A equipa estava na segunda divisão. O Valladolid era exatamente o que procurava, uma equipa com uma grande história, perto de Madrid, 90 anos de vida e com a dimensão certa. Decidi abraçar o projeto e estou feliz, mas aos fins de semana sofro muito e nunca sofri assim como jogador. Estamos a sair-nos bem, temos de melhorar muito, mas estou bastante feliz com o clube”, declarou.
A antiga estrela de Barcelona, Inter e Real Madrid, que investiu cerca de 30 milhões de euros para comprar 51 por cento do capital do emblema espanhol, confessou ainda que o dinheiro aplicado resulta mesmo de um investimento pessoal e não de qualquer milionário que o esteja a apoiar financeiramente.
“Gostava que houvesse algum bilionário a apoiar-me, mas é mesmo o meu dinheiro”, admitiu, entre risos, Ronaldo, que enumerou algumas das metas alcançadas desde que assumiu funções: “Conseguimos vender 22 mil bilhetes de época, o que foi um recorde para o clube, fizemos algumas mudanças no estádio – as primeiras desde a construção em 1982 – e melhorámos as infraestruturas de treino”.
Habituado a representar os maiores emblemas espanhóis enquanto jogador, ao brilhar por FC Barcelona e Real Madrid, o antigo internacional brasileiro vincou que “nunca” seria treinador pela dificuldade de gerir um plantel com 25 jogadores, mas que tem atualmente novas ‘dores de cabeça’ enquanto líder de um clube.
“Jogámos há uma semana com o FC Barcelona e perdemos por 5-1, foi terrível. O Messi fez um grande jogo. Vamos tentar lutar com os maiores, mas temos o segundo orçamento mais baixo da Liga, com cerca de 32 milhões de euros, é muito difícil. Estamos à procura de obter mais receitas. O dinheiro não é tudo, mas pesa muito”, concluiu, encerrando o dia de palestras na área do desporto na cimeira Web Summit.
Fundada em 2010 por Paddy Cosgrave, Daire Hickey e David Kelly, a Web Summit é considerada um dos maiores eventos de tecnologia, inovação e empreendedorismo do mundo e evoluiu em menos de seis anos de uma equipa de apenas três pessoas para uma empresa com mais de 150 colaboradores.
A cimeira tecnológica, que nasceu em 2010 na Irlanda, passou a realizar-se em Lisboa desde 2016, vai manter-se na capital até 2028, depois de, em novembro do ano passado, ter ficado decidida a permanência da conferência em Portugal por mais 10 anos, após uma candidatura com sucesso.
O evento realiza-se em Lisboa entre 4 e 7 de novembro.
// Lusa