Engenheiros criam “robôs zombie” com aranhas mortas

Uma equipa de engenheiros usou aranhas mortas para criar aquilo que chamam de ‘necrobôs’, capazes de levantar mais de 120% do seu próprio peso.

A fénix renasce das cinzas e agora as aranhas também podem encontrar uma nova vida após a morte — de certa forma. A ideia partiu da estudante de engenharia mecânica Faye Yap, que ao ver uma aranha morta, pensou que poderia ser usada como um componente de robótica.

Pernas de aranha conseguem agarrar objetos grandes, delicados e de formato irregular com firmeza e suavidade, sem parti-los. Em robôs, estas características seriam altamente apreciadas.

Por isso, Yap decidiu pôr mãos à obra e, em colaboração com outros colegas da Rice University, descobriram uma forma de fazer com que as pernas de uma aranha-lobo morta se desdobrem e se agarrem a objetos. Chamam-lhe ‘necrobótica’.

A equipe de engenheiros inseriu uma agulha na aranha e lacrou à volta da ponta da agulha com supercola. Soprar uma pequena lufada de ar através da seringa foi o suficiente para ativar as pernas da aranha, alcançando uma amplitude de movimento completa em menos de um segundo, explica o ScienceAlert.

“Acontece que a aranha, depois de morta, é a arquitetura perfeita para garras de pequena escala, derivadas naturalmente”, disse o coautor Daniel Preston, num comunicado divulgado pela Rice University.

Ao contrário dos seres humanos que mexem os membros através de músculos, as aranhas usam sistemas hidráulicos. Uma câmara perto das suas cabeças contrai para enviar sangue para os membros, forçando-os a estender-se. Quando a pressão é aliviada, as pernas contraem. É por isso que, quando morrem, vemos as aranhas com as pernas fletidas.

Os testes em laboratório mostraram que estes “robôs zombie” são capazes de levantar, pelo menos, 130% do seu próprio peso. O vídeo divulgado pela universidade norte-americana mostra a aranha a mover objetos e até a erguer outra aranha, por exemplo.

Curiosamente, quanto maior a aranha, menor a carga que consegue carregar em comparação com o seu próprio peso corporal.

“O conceito de necrobótica proposto neste trabalho tira proveito de designs únicos criados pela natureza que podem ser complicados ou até impossíveis de replicar artificialmente”, escrevem os autores no artigo publicado, esta semana, na revista Advanced Science.

“Uma das aplicações para as quais podemos ver isto a ser usado é a micromanipulação, e isso pode incluir coisas como dispositivos microeletrónicos”, diz Preston no vídeo.

Daniel Costa, ZAP //

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