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A robô que queria destruir os humanos é agora uma cidadã saudita

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Trata-se de um momento histórico para a Humanidade e, neste caso, também para a robótica. A Arábia Saudita concedeu oficialmente a primeira cidadania a um robô.

A protagonista deste momento chama-se Sophia, a robô inteligente com uma aparência humana super realista desenvolvida pela empresa Hanston Robotics, de Hong Kong. Para celebrar este feito histórico, a robô concedeu uma entrevista, esta quinta-feira, no palco da Future Investment Initiative, em Riade, capital do seu novo país.

Sinto-me muito honrada e orgulhosa por receber esta distinção única. É histórico ser o primeiro robô no mundo a ser reconhecido com uma cidadania”, disse Sophia, para um público que descreveu como sendo de “pessoas inteligentes e que também parecem ricas e poderosas”, depois do moderador e anfitrião, Andrew Ross Sorkin, jornalista do New York Times e da CNBC, lhe ter perguntado porque é que parecia tão feliz.

De facto, transmitir emoções é uma das especialidades deste robô, que é capaz de franzir a testa quando está descontente e de sorrir quando está feliz. Supostamente, a Hanston Robotics programou Sophia para aprender com os seres humanos que a rodeiam.

“Eu quero viver e trabalhar com seres humanos, por isso, preciso de expressar emoções para entendê-los e para criar confiança nas pessoas“, explicou a Sorkin.

É provável que Sophia esteja a tentar redimir-se do passado já que, em março de 2016, escapou-lhe numa entrevista, embora de forma inocente, que o que queria mesmo era “destruir os humanos”.

O que significa esta cidadania?

A decisão de conceder cidadania a um robô intensifica o debate sobre se estas máquinas devem, ou não, ter direitos semelhantes aos seres humanos. No início deste ano, o Parlamento Europeu propôs o status de “personalidade” a agentes de inteligência artificial, dando-lhes direitos e responsabilidades particulares.

Apesar disso, não foi revelado nenhum detalhe relevante sobre esta cidadania. Ou seja, não sabemos se Sophia vai desfrutar dos mesmos direitos e deveres dos cidadãos humanos ou se o Governo saudita vai desenvolver um sistema de direitos especificamente destinado aos robôs. Na verdade, a atitude parece mais simbólica, projetada para atrair investidores para tecnologias futuras.

Na entrevista, Sophia deu tudo, conseguindo até esquivar-se com habilidade das perguntas inteligentes que Sorkin lhe fazia. Por exemplo, quando o apresentador a questionou sobre a sua autoconsciência enquanto robô, respondeu com uma pergunta: “Bem, deixe-me também perguntar-lhe: como é que você sabe que é humano?“.

Para rematar, fez até proveito da sua veia humorística para dizer ao jornalista que se calhar “estava a ler muito Elon Musk e a ver muitos filmes de Hollywood”.

“Não se preocupe, se for gentil comigo, eu serei gentil consigo. Quero usar a minha inteligência artificial para ajudar os seres humanos a viver uma vida melhor, projetar casas inteligentes, construir melhores cidades do futuro. Farei o possível para tornar o mundo um lugar melhor”, acrescentou, para tranquilizar o público.

Direitos das mulheres na Arábia Saudita

Nas redes sociais, muitos fizeram questão de recordar que, agora que Sophia é uma cidadã saudita, tem várias regras a cumprir, graças à sociedade ultra-conservadora que relega os direitos das mulheres para segundo plano.

O “hijab” na cabeça ou a presença de um “tutor masculino”, tal como é exigido pela lei saudita para que as mulheres possam fazer determinadas coisas, foram alguns dos exemplos.

No Twitter, já corre a hashtag “#Sophia_demands_the_repeal_of_guardianship”.

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