“Risco inaceitável”. Terrenos da Galp em Matosinhos estão contaminados

1

Paco Pomares / Flickr

Refinaria da Galp em Matosinhos

Uma análise ambiental indicou que parte dos terrenos da antiga refinaria da Galp cedidos à autarquia de Matosinhos se encontram contaminados, segundo a Agência Portuguesa do Ambiente. Ainda assim, estão previstos projetos de recuperação urbana para o local.

A fração da refinaria de Matosinhos que a Galp cedeu à Câmara Municipal para projetos de recuperação urbana, tem os solos e as águas subterrâneas contaminados, indicou a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

Durante a análise ambiental, conduzida pela Petrogal, foi detetado um “risco inaceitável para os futuros utilizadores da parcela”, esclareceu ao JPN, via email, o diretor do departamento de comunicação e cidadania ambiental da APA, Francisco Teixeira.

A situação pode implicar consequências para a construção futura de residências e indústrias na região afetada.

No entanto, em abril de 2022, numa reunião de câmara, a líder autárquica de Matosinhos, Luísa Salgueiro, destacou que a descontaminação do espaço não seria necessária, já que se encontrava fora de atividade e sem quaisquer equipamentos.

A decisão de encerramento da refinaria da Galp foi anunciada 21 de dezembro de 2020, mas as infraestruturas permanecem no local.

Na altura, a empresa anunciou a intenção de fechar a refinaria de Matosinhos e concentrar-se em Sines — uma notícia que, segundo Telmo Silva, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadores do Norte, era “uma bomba” que poderia levar ao despedimento de mais de 300 trabalhadores.

É na cooperação do grupo energético Galp com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) e a Câmara de Matosinhos que surge a intenção de reconfigurar os terrenos da antiga Refinaria de Matosinhos.

Na área que ocupa o extremo norte, a Galp cedeu 40 hectares à Câmara de Matosinhos, dos 640 que pertenciam à refinaria.

Em concurso internacional, a MVRDV, um escritório de arquitetura holandês, foi a empresa contratada para a execução do projeto de reabilitação urbana “Innovation District”.

Assente nos progressos tecnológicos e na aposta em energias sustentáveis, o projeto foi protocolado no dia 16 de fevereiro do ano transato e visa transformar o município, de forma faseada, num “distrito de inovação de classe mundial”, segundo declarações prestadas em comunicado por Andy Brown, CEO da Galp.

De acordo com as conclusões da análise de risco quantitativo da APA, cedidas ao JPN, os impasses podem ainda vir a ser ultrapassados mediante “medidas de gestão de risco adequadas”. Já para os eventuais trabalhadores envolvidos na obra em Leça da Palmeira, o risco é considerado “aceitável”.

O espaço inativo é ainda alvo de uma proposta de construção de um pólo académico para a Universidade do Porto.

Com a aplicação do Fundo para a Transição Justa, disponibilizado pela Comissão Europeia, a cidade de Matosinhos conta com um investimento de 60 milhões para o desenvolvimento do projeto.

ZAP // JPN

1 Comment

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.