Ricardo Araújo Pereira disse “Slava Ukraini”. Mas estava a falar com russos (e não sabia)

Um episódio invulgar – e que podia ter acabado mal. Ainda a proibição de quatro meios de comunicação social portugueses.

A Rússia proibiu o acesso a 81 meios europeus de comunicação social. Entre os quais estão quatro portugueses: RTP, Público, Expresso e Observador.

A decisão tomada na semana passada foi, explicou o Kremlin, uma resposta da Rússia à proibição imposta pela União Europeia a meios de comunicação social russos com financiamento estatal russo.

Ricardo Araújo Pereira, com a ironia habitual, disse que acha “óptima” esta decisão. E é também “muito eficaz”. Justificando: “Quando estive na Rússia em 2018, ouvi alguém numa casa em Saransk dizer ‘Vou agora ler o Observador!’. O Observador era muito popular, o Expresso vende milhares de exemplares em São Petersburgo e em Moscovo”.

O comentador lembrou na SIC Notícias que muita gente tem dito que esta medida do Kremlin é ridícula. “Mas há dois anos a União Europeia fez o mesmo: deixamos de poder ver canais russos”.

“Nós agora percebemos que isto é uma medida própria de um ditador e que a censura é ridícula e inútil – era giro deixar isso para os ditadores…”, avisou.

João Miguel Tavares acha esta medida uma “estupidez” porque, se pegassem no pretexto de estes quatro órgãos de comunicação social chamarem “guerra” ao que está a passar na Ucrânia – em vez de “operação militar especial” – também teriam de proibir todos os outros meios portugueses.

Pedro Mexia salientou dois aspectos: “Portamo-nos como o regime russo ao suspender canais de televisão. E uma embaixada dizer a um jornal de outro país que linguagem deve utilizar… Se isto não é Orwelliano (de George Orwell), não sei o que é”.

“Slava Ukraini”

Mas, voltando a Ricardo Araújo Pereira, houve um episódio recente que o próprio protagonizou. Foi invulgar e até perigoso.

Ricardo estava num hotel onde diversas crianças estavam a ver o jogo do Europeu 2024 entre Ucrânia e Bélgica, a torcer pela Ucrânia.

Olhou para a mesa dos pais das crianças e disse “Slava Ukraini” – ou “Glória à Ucrânia”.

Pormenor: os pais eram russos. Mas, aparentemente, tudo correu bem.

Ricardo Araújo Pereira só achou estranho as crianças russas estarem a torcer pela Ucrânia: “Não sei se perceberam ou mal, ou se já estão a contar com aquele território como sendo russo”.