Reveladas as origens dos ávaros, os principais sucessores dos hunos de Átila

Foram reveladas as origens dos ávaros, que foram os principais sucessores dos hunos, de Átila. Era um mistério com mais de 1.400 anos.

Embora menos conhecidos do que os hunos de Átila, os ávaros foram um povo nómada da Eurásia, que governou grande parte da Europa Central e Oriental por quase 250 anos.

Sabemos que vieram da Ásia Central no século VI d.C., mas autores antigos, bem como historiadores modernos, há muito que debatem a sua proveniência.

Agora, uma equipa de investigadores do Instituto Max Planck, na Alemanha, estudou os antigos genomas dos mais importantes sítios arqueológicos de ávaros descobertos na Hungria.

Os resultados rastrearam a origem genética para uma região distante da Ásia Central Oriental. O portal Phys escreve que isto fornece evidências genéticas diretas para uma das maiores e mais rápidas migrações de longa distância na história humana.

Até ao momento, a sua origem não era bem clara. Os seus inimigos, os bizantinos, muito se questionaram sobre a origem dos temíveis guerreiros após a sua aparição repentina na Europa.

Alguns peritos especulam que os ávaros terão sido os primeiros a introduzir o estribo na Europa. A investigação arqueológica detetou ainda muitos paralelos entre a Bacia dos Cárpatos e os artefactos nómadas da Eurásia.

Os autores do estudo analisaram 66 indivíduos encontrados, precisamente, na Bacia dos Cárpatos.

“Abordamos uma questão que tem sido um mistério por mais de 1.400 anos: quem eram as elites dos ávaros, fundadores misteriosos de um império que quase esmagou Constantinopla e por mais de 200 anos governou as terras das modernas Hungria, Roménia, Eslováquia, Áustria, Croácia e Sérvia?”, pergunta Johannes Krause, coautor do estudo.

Os resultados deste novo estudo multidisciplinar foram publicados recentemente na revista científica Cell.

Os ávaros não deixaram registos escritos sobre a sua história, o que dá um significado ainda mais especial a este estudo.

“A contextualização histórica dos resultados arqueogenéticos permitiu-nos diminuir o tempo da migração proposta dos ávaros. Eles cobriram mais de 5.000 quilómetros em poucos anos da Mongólia ao Cáucaso, e depois de mais dez anos estabeleceram-se no que hoje é a Hungria. É a migração de longa distância mais rápida na história humana que podemos reconstruir até este ponto”, disse Choongwon Jeong, coautor do estudo.

“Além da sua clara afinidade com o nordeste da Ásia e a sua provável origem devido à queda do Império Rourano, também vemos que as elites do período ávaro do século VII mostram 20 a 30% de ascendência não-local, provavelmente associada ao norte do Cáucaso e a Estepe da Ásia Ocidental, o que poderia sugerir mais migração da Estepe após a sua chegada no século VI”, disse ainda o autor principal, Guido Gnecchi-Ruscone.

Daniel Costa, ZAP //

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