Rendeiro quebra o silêncio para ilibar mulher da venda de obras arrestadas: “Era fiel depositária só de nome”

Rendeiro afirma que foi um erro de um advogado que levou a que a sua mulher continuasse como fiel depositária das obras arrestadas e que a responsabilidade é sua.

Depois da fuga em Setembro, João Rendeiro ainda não tinha feito nenhuma declaração pública. No entanto, o ex-banqueiro quebrou o silêncio em declarações ao Sapo24 para defender a sua mulher, Maria de Jesus Rendeiro, que está agora em prisão domiciliária depois da Polícia Judiciária ter descoberto que várias das obras que tinham sido arrestadas ao antigo presidente do BPP em 2010 — das quais a mulher era fiel depositária e responsável legal — tinham sido vendidas ou falsificadas.

Rendeiro explica ao Sapo que foi “um erro de um advogado” que tinha sido instruído para passar a guarda das obras para o ex-banqueiro que levou a que a sua mulher ainda fosse a responsável pelas obras. “Como é evidente, era fiel depositária só de nome. Aliás, pensava que já não era”, justifica, sublinhando que a esposa ficou como fiel depositária apenas porque Rendeiro estava no estrangeiro na altura.

Sobre os oito quadros que terão sido vendidos, o ex-banqueiro em fuga não confessa ou desmente a acusação, mas diz que “o que quer que houvesse foi responsabilidade minha“.

Recorde-se que a colecção de 124 obras de arte de João Rendeiro foi apreendida pelo Estado como uma garantia para o pagamento das indemnizações dos lesados do BPP.  Numa visita à casa do ex-banqueiro na Quinta do Patino, em Cascais, a PJ verificou que 15 obras tinham desaparecido e ficou com suspeitas de que vários quadros teriam sido falsificados e trocados, que foram depois confirmadas.

Rendeiro terá lucrado 1,3 milhões de euros com a venda de oito quadros que tinham sido arrestados. Maria de Jesus foi detida no âmbito da operação “D’arte Asas”.

Falou-se na possibilidade de Maria de Jesus Rendeiro ficar em prisão preventiva e de, tal como o marido, estar a planear uma fuga. No entanto, a mulher do ex-banqueiro ficou em prisão domiciliária com pulseira electrónica e é suspeita de um crime de descaminho, que tem uma moldura penal de até cinco anos de prisão.

João Rendeiro foi condenado, no final de setembro, a três anos e seis meses de prisão efectiva num processo por burla qualificada. Desde então que está fugido da justiça, tendo-se já falado que estaria no Belize. A mulher disse também que Rendeiro está na África do Sul, mas ainda não há confirmação.