Rendeiro terá lucrado 1,3 milhões com a venda de oito quadros que tinham sido arrestados

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Mário Cruz / Lusa

João Rendeiro (ao centro) durante o julgamento do caso BPP

João Rendeiro terá vendido oito das 124 obras da colecção que o Estado apreendeu em 2010. A mulher do ex-banqueiro emocionou-se em tribunal e pode agora ser acusada do crime de descaminho.

O ex-banqueiro terá vendido oito das 124 obras que lhe foram arrestadas pelo Estado em 2010 como garantia para pagar as indemnizações dos lesados, de acordo com os advogados do BPP. As revelações foram feitas em tribunal, antes da mulher que João Rendeiro — que é a fiel depositária das obras de arte — ter sido ouvida.

A defesa do BPP acredita que Rendeiro terá lucrado 1,3 milhões de euros com as vendas, que terão ocorrido entre 23 de Outubro de 2020 e 1 de Outubro de 2021. Um dos quadros estará até em exposição em Bruxelas. A PJ já tinha suspeitado de que parte da colecção de arte tivesse sido falsificada e substituída aquando da visita à casa onde a esposa do ex-banqueiro vive, e os advogados dizem que quatro dos quadros serão mesmo falsos.

Quando questionada pela juíza, Maria de Jesus Rendeiro terá ficado emocionada e dito que não tinha condições psicológicas para depor em tribunal.

Recorde-se que no dia 11 de Outubro, a Polícia Judiciária foi à moradia da Quinta Patino, em Cascais, verificar como estavam as 124 obras apreendidas a Rendeiro em 2010. 15 não estavam lá e os inspectores suspeitaram de que várias tinham sido falsificadas e trocadas.

Visto que a guarda dos quadros estava em seu nome, a mulher do ex-banqueiro teve de entregar as obras que estavam desaparecidas, mas apenas devolveu sete das 15 em causa.

Assim, Maria de Jesus Rendeiro arrisca-se agora a ser acusada do crime de descaminho ou destruição de objectos,um crime que tem uma moldura penal de até cinco anos de prisão.

Antes ainda da sessão em tribunal, a defesa da mulher de Rendeiro tentou evitar que esta tivesse de prestar declarações com o argumento de virá a ser alvo de um processo-crime, o que levaria a que o seu depoimento pudesse incriminá-la mais tarde.

No entanto, a juíza argumentou que estavam os deveres de Maria de Jesus Rendeiro enquanto fiel depositária “independentemente da certidão que mandou extrair”.

O Ministério Público pediu também que Maria de Jesus Rendeiro fosse condenada a uma multa, enquanto que o advogado do BPP quer que todo o recheio da casa fosse arrestado. A decisão está agora nas mãos da magistrada.

Ainda na quinta-feira, o Expresso já tinha noticiado que pelo menos três das obras tinham sido vendidas pela famosa leiloeira Christie’s por 229 mil euros, entre Março e Outubro deste ano. As obras em causa seriam “Dawidgrodeck”, “Piaski” e “Rzochów” do artista Frank Stella.

Adriana Peixoto, ZAP //

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4 Comments

  1. Como é possível que a esposa seja fiel depositária dos bens arrestados ao marido?
    Mais um pouco e era o próprio Rendeiro o fiel depositário dos bens a si próprio arrestados.
    Isto é para rir ou para chorar?

  2. Rendeiro Fugiu, a mulher que fechou a porta à judiciária e agora comprovou a venda dos quadros que devia guardar como passe de liberdade, afinal vendeu, o juiz neste caso devia ter dado ordens de prisão até as obras aparecerem. Que país é este? Esta ao pé do marido não tarda.

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