O Kremlin já está à procura de empresas paramilitares alternativas do grupo Wagner para ajudar na ofensiva na Ucrânia, depois de várias trocas de farpas públicas entre Prigozhin e Shoigu.
De acordo com as informações recolhidas pela inteligência britânica, as relações entre o Kremlin e o grupo Wagner podem ter azedado de vez. O Governo de Moscovo estará mesmo à procura de uma empresa paramilitar alternativa que seja mais fácil de controlar, dados os constantes conflitos entre Yevgeny Prigozhin e o Ministro da Defesa da Rússia, Sergey Shoigu.
O Ministério da Defesa do Reino Unido avança que o Kremlin está “à procura de patrocinar e desenvolver empresas militares privadas alternativas para eventualmente substituírem o grupo Wagner e o seu papel de combate significativo na Ucrânia”.
A liderança militar quer um substituto sobre o qual “tenha mais controlo” e as empresas de mercenários serão particularmente atractivas para Moscovo porque têm “menos restrições” com os pagamentos baixos e a “ineficiência” que afecta o exército da Rússia.
No entanto, o Ministério da Defesa britânico ressalva que encontrar um substituto à altura pode ser difícil para a Rússia, dado o tamanho e poderio de combate dos mercenários Wagner.
Latest Defence Intelligence update on the situation in Ukraine – 4 April 2023.
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— Ministry of Defence 🇬🇧 (@DefenceHQ) April 4, 2023
Esta revelação surge numa altura em que as tensões entre o Governo russo e Prigozhin parecem ter saído do controlo. Já não é de agora que o líder mercenário têm estado no centro de bate-bocas públicos com o Ministro da Defesa russo.
Prigozhin é um aliado do senhor da guerra checheno Ramzan Kadyro, um conhecido rival de Sergey Shoigu. Shoigu, por sua vez, tem também uma empresa militar privada, a Patriot.
O líder Wagner tem uma grande presença nas redes sociais e tem acusado constantemente Shoigu de ficar com os louros pelas conquistas dos seus mercenários, como em Soledar ou na recente batalha por Bakhmut.
Prigozhin afirma ainda que Shoigu está a sabotar os esforços mercenários e não lhes fornece armamento e munições suficientes. Isto levou a que o Kremlin cortasse relações com o grupo no mês passado, de acordo o chefe dos mercenários.
Os meios de comunicação estatais também já terão sido informados pelo Kremlin para deixarem de promover o grupo Wagner, devido aos receios de que Prigozhin esteja a usar a maior exposição mediática no âmbito da guerra como um trampolim para uma carreira política — acusações que Prigozhin já negou, dizendo ter “zero” ambições políticas.
A informação da inteligência britânica surge numa altura em que também se especula que o grupo Wagner vai retirar importância à guerra na Ucrânia e voltar a priorizar a presença em África, onde tem dado muitas dores de cabeça à França.