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Reino Unido. Brexit e saúde dominam debate entre Boris e Jeremy

Jonathan Hordle / EPA

Debate entre Boris Johnson e Jeremy Corbyn

A saída do Reino Unido da União Europeia (UE) e a saúde foram os dois temas principais do debate de terça-feira entre o primeiro-ministro britânico ainda em funções, Boris Johnson, e o seu opositor e candidato às eleições, Jeremy Corbyn.

O início, bem como a metade da primeira metade da hora do debate, foi ocupado com o ‘Brexit’, como noticiou o Observador. Durante esse tempo, Johnson, líder do Partido Conservador, questionou várias vezes o que seu opositor defendia sobre essa questão.

“O senhor Corbyn não nos diz de que lado fará campanha em caso de referendo sobre o Brexit”, disse Johnson. “Mais uma vez, se a política do Labour for aplicada, não sabemos de que lado o senhor Corbyn fará campanha: pelo Leave ou pelo Remain?”, reforçou. “Ele acredita no que está a propor? Ou irá, por absurdo, fizer campanha contra o acordo que ele próprio negociou?”, acrescentou ainda.

Corbyn respondeu lembrando que “o primeiro-ministro votou duas vezes contra o acordo de Theresa May”, firmando um “acordo ainda pior”. Quanto ao segundo referendo, indicou que serve esclarecer “a escolha do povo”.

“Ainda não sabemos, é um enigma: irá Jeremy Corbyn fazer campanha pelo acordo que quer fazer ou irá chamar os seus amigos do Labour para destruir a geringonça que ele próprio criou?”, voltou a atacar Johnson.

De acordo com o Público, Corbyn tem defendido negociar um novo acordo que inclua uma união aduaneira com a UE e o alinhamento com o mercado único e com a legislação laboral e ambiental, o qual submeteria a uma consulta com efeito vinculativo e que teria como opção a permanência na UE.

Este foi também acusado pelo primeiro-ministro de estar a preparar um acordo secreto com o Partido Nacional Escocês (SNP) no qual, em troca do apoio parlamentar para formar governo, estaria disposto a conceder autorização aos escoceses para realizarem um novo referendo à independência. Corbyn disse que não há “nenhum acordo” com o SNP.

Ao ser confrontado com as acusações de anti-semitismo sobre o seu partido desde que é líder, Corbyn disse reconhecer que os judeus têm uma “história desesperada”, sobretudo no século XX, e que “o racismo, seja de que forma for, é um flagelo”.

Na segunda parte do debate o tema central foi a saúde, com incidência no Sistema Nacional de Saúde britânico (National Health System – NHS).

Corbyn começou por apontar que o sistema está “sob uma tremenda pressão”. “Ouvi ontem a história de uma mulher que morreu de cancro da mama. No dia anterior, tinha ido ao hospital para receber tratamento urgente. Esperou oito horas. Os enfermeiros não conseguiam nenhum médico porque estavam todos ocupados. Ela fez um vídeo para as redes sociais a pedir que apoiem o sistema de saúde. É uma das coisas mais preciosas deste país”, relatou.

“Acabemos com a privatização do NHS”, apelou, referindo-se às parcerias público-privadas.

Antes disso, ainda na primeira parte do debate, este tema já tinha sido mencionado, com Corbyn a apontar “uma série de encontros secretos com os EUA, onde [Boris] propõe abrir os nossos ‘mercados do SNS’, como eles lhe chamam”. A referência diz respeito a reuniões noticiadas pela imprensa britânica entre responsáveis do governo com empresas norte-americanas, onde o NHS foi tema de discussão.

Johnson não negou a existência desses encontros, limitando-se a responder que também valoriza o NHS e recordando que o governo irá construir 40 novos hospitais. “O NHS não está à venda”, garantiu.

Quando questionado sobre qual o líder político mundial que mais admira, Corbyn indicou o nome de António Guterres, dizendo que o secretário-geral da ONU “está a tentar unir o mundo”.

À pergunta “A verdade importa nesta campanha?”, Johnson optou por um “penso que sim”.

No fim do debate, a sondagem final da YouGov, em parceria com a Sky News, mostrou uma vantagem de Boris Johnson no debate.

Johnson e Corbyn responderam a perguntas da audiência composta por pessoas de diferentes áreas sociais e políticas, tendo sido confrontados com a falta de confiança dos britânicos nos políticos, a saúde, a despesa pública e a família real.

ZAP //

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