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Rebelião nos Conservadores. Aumento de impostos proposto por Johnson alimenta críticas internas

Boris Johnson prepara-se para quebrar uma promessa eleitoral e enfrentar oposição dentro dos Conservadores por querer aumentar os impostos para colmatar as lacunas no financiamento da saúde e da segurança social.

O primeiro-ministro britânico está a preparar-se para falar aos deputados britânicos esta terça-feira sobre os seus planos de aumentar os impostos para resolver os problemas do Serviço Nacional de Saúde (NHS) e da assistência social, o que está a motivar críticas e uma rebelião dentro do seu partido.

Segundo avança a Reuters, os custos com o sistema social britânico devem duplicar nas próximas décadas devido ao envelhecimento da população. O primeiro-ministro quer agora reforçar o financiamento da segurança social depois dos gastos devido à pandemia, mas o possível aumento de impostos significaria uma falha nas promessas eleitorais.

Johnson quer agora aumentar o imposto de Segurança Social, pago por cerca de 25 milhões de trabalhadores, em 1.25% – o que pode significar mais 10 mil milhões de libras para financiar reformas e os serviços de saúde, escreve o The Guardian.

O Primeiro-Ministro vai presidir a uma reunião do governo na manhã desta terça-feira e vai depois falar ao parlamento. O Ministro das Finanças, Rishi Sunak, e o Ministro da Saúde, Sijid Javid, vão juntar-se a Johnson numa conferência de imprensa.

Boris vai informar os deputados das dificuldades do Serviço Nacional de Saúde. “O NHS é o orgulho do Reino Unido, mas tem sido colocado sobre uma pressão enorme por causa da pandemia. Não podemos esperar que recupere sozinho”, afirmou o primeiro-ministro em declarações publicadas durante a noite.

“Temos de agir para garantir que os sistemas de saúde e de cuidados têm o financiamento a longo prazo de que precisam, para começarem a enfrentar o acumular de problemas, e acabar com a injustiça nos custos catastróficos dos cuidados sociais. O meu governo não vai fugir às decisões difíceis precisas para dar aos pacientes do NHS o tratamento de que precisam e para consertar o nosso sistema de cuidados sociais”, adianta Boris.

Receios do impacto nas eleições

O governo pode agendar o voto na proposta já esta semana para limitar uma provável rebelião de deputados conservadores e uma cobertura mediática desfavorável. Os Trabalhistas devem votar contra.

Tal como muitos outros governos, Johnson tem sido pressionado a investir mais no Estado social, mas há receios de um aumento da dívida, depois de previsões do Departamento de Responsabilidade Orçamental apontarem que uma recessão de 14% pode levar a que dívida chegue aos 400 mil milhões de libras – cerca de 440.57 mil milhões de euros.

Apesar de Johnson ter a mais larga maioria Conservadora desde Margaret Thatcher, muitos membros do partido temem que o aumento de impostos custe votos nas eleições marcadas para 2024 e questionam-se sobre qual o objectivo de servir um governo que não está a cumprir o manifesto do partido de 2019, já que outra promessa sobre as pensões também está em vias de ser quebrada.

“Um aumento dos impostos sugere que os ministérios estão cada vez mais conscientes de que o país não pode viver de dinheiro de fantasia. Isso, pelo menos, é bem-vindo. A realidade da redução do salário líquido para lidar com um problema longe da vista da maioria das pessoas vai ser mal recebida quando começar“, afirma William Hague, ex-líder conservador, que acrescenta que os partidos pequenos vão beneficiar com medida.

Resta continuar a acompanhar a situação para se saber qual vai ser o impacto da rebelião dos deputados conservadores e se vai ser suficiente para matar a proposta.

Adriana Peixoto, ZAP //

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