Último reactor nuclear de Zaporíjia foi encerrado

Combates intensos entre Rússia e Ucrânia. Zelensky falou sobre “ações contraofensivas” do exército ucraniano.

As forças armadas ucranianas relataram intensos combates com militares russos, hoje, enquanto a agência de energia atómica do país disse ter feito o “encerramento a frio”, por razões de segurança, do último reator que estava em funcionamento na maior central nuclear da Europa.

As forças russas bombardearam alvos na Ucrânia com mísseis e ‘drones’ [aparelhos aéreos não-tripulados] durante a noite, causando mortes e danos a um aeródromo militar, reportou o Ministério da Defesa ucraniano.

O Estado-Maior da Ucrânia afirmou hoje que estavam a decorrer “combates pesados”, com 34 confrontos no dia anterior no leste industrial do país.

Sem adiantar pormenores, os militares ucranianos disse que as forças russas estavam a “defender-se” e a lançar ataques aéreos e de artilharia nas regiões de Kherson e Zaporíjia, no sul da Ucrânia.

Um dia antes, o Presidente russo, Vladimir Putin, considerou que as tropas ucranianas tinham iniciado uma contraofensiva há muito esperada e que estavam a sofrer perdas “significativas”.

Na central nuclear de Zaporíjia, a maior da Europa, que está ocupada pelas forças russas, cinco dos seis reatores já se encontravam em estado de paragem a frio.

Trata-se de um processo em que todas as barras de controlo são inseridas no núcleo do reator para interromper a reação de fissão nuclear e a produção de calor e pressão.

A Energoatom, a agência nuclear ucraniana, declarou em comunicado no final de sexta-feira que não existia “qualquer ameaça direta” para a central de Zaporíjia devido à rutura da barragem de Kakhovka, mais a jusante do rio Dnieper, que obrigou milhares de pessoas a fugir das inundações e reduziu drasticamente os níveis de água num reservatório utilizado para ajudar a arrefecer as instalações.

Também hoje de manhã, as autoridades ucranianas anunciaram que pelo menos quatro civis morreram em todo o país, na sequência do lançamento de ‘drones’ Shahed de fabrico iraniano, mísseis e ataques de artilharia e morteiros por parte das forças russas.

O Serviço Nacional de Emergência da Ucrânia divulgou que três pessoas morreram e mais de duas dezenas ficaram feridas durante a noite num ataque contra o porto de Odessa, no mar Negro.

A porta-voz do comando operacional do sul da Ucrânia, Natalia Humeniuk, disse que duas crianças e uma mulher grávida estavam entre os feridos.

Em Londres, o Foreign Office anunciou hoje uma nova ajuda humanitária de 16 milhões de libras (18,6 milhões de euros) para as pessoas afetadas pela destruição da barragem de Khakhovka.

Os fundos ajudarão 32.000 pessoas afetadas pelas inundações, incluindo as comunidades que foram deslocadas, declarou em comunicado o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido.

A ajuda será canalizada através da Cruz Vermelha (10 milhões de libras – 11,6 milhões de euros); do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (5 milhões de libras – 5,8 milhões de euros) e da Organização Internacional para as Migrações (1 milhão de libras – 1,17 milhões de euros).

“Os nossos fundos estão a desempenhar um papel vital na ajuda aos serviços ucranianos e às organizações humanitárias na evacuação de pessoas e na ajuda aos necessitados”, afirmou o chefe da diplomacia britânic, James Cleverly.

“O Reino Unido está a liderar a prestação de apoio àqueles que dele necessitam desesperadamente”, acrescentou, referindo que o novo financiamento se junta aos 220 milhões de libras (256 milhões de euros) que Londres já gastou em ajuda humanitária à Ucrânia.

O governo britânico também ofereceu dois navios de salvamento, equipamento e medicamentos para apoiar as operações dos serviços de emergência ucranianos.

Zelensky e as “ações contraofensivas”

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, admitiu hoje a existência de “ações contraofensivas” do seu exército na frente de batalha sem, no entanto, esclarecer se se trata do grande ataque preparado por Kiev há vários meses.

“Ações contraofensivas e defensivas estão a ter lugar na Ucrânia, e não falarei com mais pormenores“, declarou o Presidente ucraniano numa conferência de imprensa, citado pela agência France-Presse (AFP).

“É necessário ter confiança nos militares e eu tenho confiança neles”, acrescentou hoje Volodymyr Zelensky.

O exército russo deu conta de ataques em grande escala, principalmente na frente sul do país, nos últimos seis dias.

No entanto, Vladimir Putin garantiu que o exército ucraniano não conseguiu “alcançar os seus objetivos” durante esses ataques e sofreu pesadas perdas.

As autoridades ucranianas, por sua parecem ter minimizado a extensão dos combates na frente de batalha nos últimos dias, embora permaneçam vagos relativamente à divulgação da sua estratégia.

No sábado, o porta-voz do comando “oriental” do exército ucraniano, Sergii Tcherevaty, afirmou na televisão que as tropas ucranianas conseguiram avançar 1.400 metros em torno de Bakhmut, no leste, um território reivindicado por Moscovo em maio.

// Lusa

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